Por: Marina Maltez
ADEUS
“O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente.”
Mário Quintana
“Há um jardim criado por Deus. Chama-se Mulher. Tem nela a delicadeza do som da harpa dos anjos e em simultâneo a força e estrondo ensurdecedor dos trompetes do Inferno.”
Marina Maltez
Hoje digo-te adeus. De forma definitiva e categórica. Hoje corto o cordão umbilical que dolorosamente ainda me trazia memórias tuas, como pesadelo que nos faz acordar de noite, assustados, sem distinguir o sonho do real. Hoje atrevo-me a olhar no espelho e a sorrir para mim mesma, certa e segura de quem sou, indiferente às críticas que outrora vindas como punhais da tua boca me afundavam num lodo de humilhação e inferioridade. Hoje digo-te adeus. Sem saudade alguma, apenas alívio porque hoje sei que não fazias parte do meu caminho. Foste obstáculo colocado no mesmo….talvez para Deus me testar a força e a fé.
Hoje digo-te adeus. A ti e às tuas mentiras tão esfarrapadas de ridículas e critico-me por ter sido tão crédula ao ponto de as engolir sem mastigar sequer. Hoje digo-te adeus…e sim, não me critico mais. Mesmo porque se as tuas críticas fossem feridas…como eu teria que sangrar. Mas não o farei. Não por ti. Nem por ninguém. Fui o teu jardim tempo demais. Tanto que pudeste colher as flores, matar as sementes puras e bonitas e espalhar ervas daninhas, caos e desordem num mundo interior que me custou tando erguer. Hoje digo-te adeus. A ti, às tuas manias mesquinhas de ser supremo, superior, adorado por tantos, menos por aqueles e aquelas que destruíste como fizeste comigo…quase. Sim…lamento informar-te mas não me lançaste no abismo. Apenas me libertei, ganhei asas para voar para longe desse mundo de aparências, falsidade, ilusão…
Hoje digo-te adeus. Vou ali pintar as unhas da cor que quero ou escolher uma saia colorida para vestir! Vou ali ser feliz e deitar no lixo todos os dias que vivi contigo. Hoje digo-te adeus. Vou ali ver o sol que brilha ao sabor da primavera! Vou ali ouvir pessoas! Som que quase deixei de ouvir por ti, pela muralha que ergueste em meu redor. Hoje digo-te adeus. Não sou mais prisioneira.
Adeus somente. Sigo pelo caminho da serenidade, da simplicidade, da humildade. Sim não preciso de diplomas a ganhar pó nas paredes, nem de coros de anjos a bajular num misto de fascínio, falsidade e hipocrisia. Vou comer pão com manteiga e lamber os dedos de satisfação enquanto o chá me aquece a alma!
Hoje digo-te adeus. Vou só ali envelhecer ao lado de quem me ama como sou…vou só ali ser feliz com coisas simples: um abraço, um mimo, uma torrada e leite de manhã com som de risos e gargalhadas que me lembram que estou viva e sou feliz!
Por: Ana Graciosa
Simplicidade é felicidade…
Muito poucas pessoas me conhecem, só porque sim e, porque é assim que eu quero que seja. Mas, por vezes, abro algumas exceções e, como levo muito a sério isto de ser feliz, partilho algumas fatias de mim…
Gosto da vida, da essência simples das coisas e da felicidade que me dão, algumas são daquelas que me entram pelos poros e, as bebo sofregamente desde pequenina.
Gosto do simples e da simplicidade da vida, daquela mesmo simples, com que a alma se alimenta e saboreia pequenas coisitas. Aquela simplicidade que deixa a mente em paz, tranquilidade no coração, um brilho no olhar e um sorriso involuntário.
Vivo feliz e em paz e eu sei disso, porque não vivo mais com aquela ansiedade de ter ou fazer, mas sim, em ser e valorizar o que realmente importa.
Não sou nenhuma máquina ou robot e muito menos tenho um botão, que me permita ligar ou desligar o que sinto ou o que involuntariamente deixo transparecer, nem um on ou off para que deixe de ver, respirar, ouvir, cheirar, tocar, degustar ou vivenciar inúmeras outras coisas.
Será que sou só eu, que dou importância a um simples e singelo gesto?
Que precisa de sentir o prazer do mundo real? Prazeres simples e palpáveis?
De coisinhas tão básicas e que já mal se usam, como um bilhetinho de papel e uma flor?
Há lá coisa melhor no mundo, como por exemplo, fazer amor com a natureza?
Aproveitar as horas, os minutos, os segundos e por breve momentos, iludirmo-nos que os ponteiros do relógio pararam para pudermos disfrutar de toda a sua magnitude!
Permitam-me abrir um parêntese e falar sobre o “meu” rio Tejo e a sua envolvência. Aí como me deixa feliz e tremendamente sossegada! Completamente hipnotizada e em tresvario só de o contemplar, de simplesmente o ouvir passar ou sentar-me numa pedra à beira dele e conversarmos, sem que ninguém nos atrapalhe ou censure… onde consigo respirar fundo e, chorar ou rir, sem que haja entraves e o coração consegue bater ao ritmo que ele próprio comanda… coisas tão simples e tão démodé!
Encantam-me as coisas básicas e banais, tal como, palavras ditas que depois se revelam em ações ou atitudes.
Quem me lê, há muito que sabe também, da existência de uma veia “maléfica”, que promove o pânico ao tico e ao teco do alheio e, que quando escrevo sobre o que quero e não quero, mas… escrevo, nem sempre quer dizer que o “caminho” é este ou aquele!
Sempre tive um instinto certeiro e uma compreensão para ver e sentir certas coisas, acima do normal e do senso comum, entender algumas pessoas e maneiras de ser ou estar, acaba também por fazer, com que eu perceba muitas coisas sobre mim mesma.
A minha própria personalidade, precisa criar resiliência para saber lidar com a complexidade, a vida humana, olhar e ver na realidade, como se passam certas coisas e como são os seres vivos e humanos. Há que usar sempre a compaixão humana e olhar com serenidade para o que daí possa vir… nem tudo tem a simplicidade que tanto prezo e admiro..
O meu pequeno mundo, é feito de gente doida, gente simples e feliz que conversa mais com os animais e com as plantas, que com outros seres.
Apraz-me acrescentar só uma coisinha: A melhor e maior felicidade do mundo, é mesmo o simples ato de ver e sentir quem nasce de nós, uma simples e verdadeira bênção…
Por: Catarina Betes
Fez no passado dia 27 de março, vinte e um anos que fui mãe pela primeira vez.
Com 21 anos acabados de fazer, dei à luz de uma menina de olhos amendoados que desde o primeiro momento, pareciam querer engolir o mundo.
Nunca quis saber o sexo do bebé esperado, porque queria sentir a emoção do momento em que o seguraria nos braços pela primeira vez e ouviria as palavras: “é um menino” ou “é uma menina”… e deliciar-me nelas.
Porque uma certeza eu tinha. Seria exatamente o que eu queria!
Recordo quando passávamos noites sozinhas e eu queria que ela dormisse comigo (porque EU sentia medo). Ela, com pouco mais de dois anos e com umas “mãos cheias” de caracóis que lhe chegavam a meio das costas, dizia querer dormir no seu quarto.
Eu, chateada por não a convencer a dormir comigo, esperava que ela adormecesse, pegava-lhe no colo com todo o cuidado e levava-a para a minha cama.
Poucos minutos depois, ela acordava, olhava à volta, percebia onde estava, descia atabalhoadamente da cama (que tinha pouco menos da sua altura) e seguia para o seu quarto, com os caracóis a balançar, enquanto reclamava:
“- Esta não é a minha pama!”
E fechava a porta. E dormia. Às escuras!
No primeiro dia do Jardim de Infância, levou uma caneta e um caderno porque dizia que ia para a escola aprender.
Enquanto as outras crianças choravam, agarradas às suas mães, a minha sentou-se sozinha num banco sueco do hall, à espera que a chamassem. Eu ainda ali fiquei um bocadinho, naquela de mãe no 1º dia, a ver se ela olhava para mim. Quando me viu, fez uma careta e disse:
“- Ainda aí estás? Vai-te embora!”
E eu recolhi o saco de mãe preocupada, já que dali não levava nada.
Escusado será dizer, que, ao fim do dia, quando lhe perguntei que tal tinha sido a escola, a resposta foi:
“- Uma chatice! Não aprendi nada!”
E assim tem sido. Independente, voluntariosa, dedicada às causas que acredita e extraordinariamente apaixonada. Pela família, pelos amigos, pela sua casa. E doce.
A esse propósito, recordo um dia em que, após um passeio de bicicleta, ao chegarmos a casa, olhou para mim com um sorriso alegre e os seus dois totós espetados, um de cada lado da cabeça e disse, com o ar mais natural do mundo, a propósito de nada:
“- És tão boazinha, mamã.”
Assim é esta minha filha.
Um misto de autonomia e doçura.
Alguém em que eu vejo uma parte de mim quase esquecida, mas que me recorda todos os dias,
Que na vida, as derrotas não contam,
Servem exclusivamente para nos mostrar,
Que a vida, independentemente da pedras no caminho,
É para ser vivida!
O resto, com todo o seu esplendor,
Não passam de acessórios, pobres imitações…,
Do que erradamente se julga,
Ser o amor.
Por: Antonieta Dias (*)
Prescrição terapêutica
O exercício da profissão médica exige sabedoria, humanidade, enquadramento clinico, evidência científica e arte.
Estes conceitos são universais e exigem plena liberdade de atuação sem a qual o ato médico deixa de ter sentido.
A importância e a manutenção destes valores traduz o equilíbrio da cidadania, o respeito social, político e jurídico, cuja repercussão é extremamente relevante no desempenho de uma atividade digna, reconhecida pela sociedade civil, pela lei, pela constituição portuguesa e pela justiça.
Todavia, nem tudo o que se legisla salvaguarda a preservação destes princípios e às vezes o legislador até se esquece do indispensável dever e da obrigatoriedade que o exercício da nobre função do médico não pode ficar limitado pela decisão de uma autoridade que comprime o plano terapêutico consciente, estratégico, pragmático, impedindo-o de agir de acordo com a ciência e arte de bem servir e bem cuidar.
Quando se limita o exercício profissional e obriga o ato de prescrever ao condicionamento de um cartão de identificação emitido pela ordem dos médicos para certificar a validação da sua habilitação profissional ou mais grave ainda, se o obriga a usar o cartão de identificação civil é subordinar de forma imprópria a aplicação da lei que regula a preservação da liberdade do direito individual e coletivo, é uma ofensa á dignidade profissional e uma coartação da competência profissional.
A concretização do ato médico tem de ser feita de forma consciente, rigorosa, livre, sem restrições na decisão do cumprimento das boas práticas clínicas.
Pensar que a aplicação da prescrição materializada só pode ser possível com o uso e a validação obrigatória da utilização do cartão de ordem dos médicos ou do cartão de cidadão é bloquear as condições de trabalho e a ação do médico.
Ao impor limites na independência profissional, recomendando/desviando a vontade e seriedade da livre prescrição terapêutica, isto é a decisão que mais se adequa ao tratamento do doente, está-se a impedir o médico de aplicar os conhecimentos científicos e de agir de forma coerente com o que pretende para o seu doente.
A implementação desta restrição contrária não só a ciência médica como o direito do cidadão de ser tratado e cuidado através dos meios terapêuticos que tem ao seu dispor para melhor o cuidar de acordo com a livre iniciativa do médico.
A liberdade profissional do médico é a única garantia que o doente tem para manter a segurança e eficácia do tratamento, preservando os direitos individuais do utente/paciente que estão consagrados na Constituição Portuguesa.
Não há histórico em nenhum país do mundo que a tutela exerça o poder de restringir e limitar o desempenho profissional que coloque em causa a decisão do ato médico de prescrição e a necessidade de utilização de um cartão de uso pessoal para poder exercer o dever do cumprimento das suas obrigações profissionais.
Não será demais lembrar que para uma sociedade ser justa, verdadeira, independente e democrática a autoridade inerente ao fiel cumprimento do dever não pode funcionar de forma proibitiva, e muito menos exigida a uma função profissional de alcance tão abrangente no tratamento do doente.
Que se pretenda que seja justificada pelo alcance de um objetivo fiscalizador desta natureza não tem sentido.
O dever de fiscalizar faz parte da responsabilidade de quem gere, e dignifica o Estado, sendo absoluta e obrigatória para quem cumpre as regras do poder público.
Porém há outras formas de fiscalizar, regularizar e punir quando se justificar os incumprimentos de quem não respeita a lei.
Todavia, em caso algum e em nenhuma outra profissão o trabalhador é obrigado a utilizar o seu cartão de cidadão ou o seu cartão da ordem profissional liberal a que pertence para poder exercer a sua atividade.
Será que o legislador se apercebeu das implicações que este método tem?
Se por hipótese o profissional médico ficar impedido de utilizar o seu cartão (por perda, esquecimento num dos locais de trabalho, roubo ou bloqueio por erro informático, por exemplo), não conseguirá prescrever a terapêutica ao paciente, podendo colocar em risco a vida do doente.
Em suma, consciente ou inconsciente, sabedor ou ignorante, justo ou injusto, feliz ou infeliz, fiscalizador ou controlador, livre ou oprimido, seguro ou inseguro, dependente ou independente, democrata ou ditador, defeso ou indefeso, partido ou repartido, partilhado ou não partilhado, favorecido ou desfavorecido, juridicamente perfeito, submisso ou contestatário, humano ou desumano, relevante ou irrelevante, estratégico ou não estratégico, subordinado ou irreverente, privado ou público, dinâmico ou preguiçoso, ativo ou inerte, constitucional ou inconstitucional, relevante ou irrelevante, lógico ou ilógico, certo ou errado, individual ou coletivo, dispensável ou indispensável, com censura ou sem censura, amputado ou não, defensor dos direitos do doente ou limitador da prescrição não sei.
Apenas me limito a cumprir o estipulado mesmo que esteja errado, seja inadequado ou
inaceitado.
Todavia, não posso deixar de manifestar a minha opinião sendo que a vida do doente não pode depender da funcionalidade de um cartão e a profissão médica no ato da prescrição não pode ficar coartada se o cartão não funcionar.
Como tenho fé, acredito na inteligência humana e no bom senso espero que este método de prescrição termine rapidamente e que a fiscalização do ato médico de prescrição encontre outra forma de controlo que não seja a da aberração do cartão.
O exercício da profissão médica exige sabedoria, humanidade, enquadramento clinico, evidência científica e arte.
Estes conceitos são universais e exigem plena liberdade de atuação sem a qual o ato médico deixa de ter sentido.
A importância e a manutenção destes valores traduz o equilíbrio da cidadania, o respeito social, político e jurídico, cuja repercussão é extremamente relevante no desempenho de uma atividade digna, reconhecida pela sociedade civil, pela lei, pela constituição portuguesa e pela justiça.
Todavia, nem tudo o que se legisla salvaguarda a preservação destes princípios e às vezes o legislador até se esquece do indispensável dever e da obrigatoriedade que o exercício da nobre função do médico não pode ficar limitado pela decisão de uma autoridade que comprime o plano terapêutico consciente, estratégico, pragmático, impedindo-o de agir de acordo com a ciência e arte de bem servir e bem cuidar.
Quando se limita o exercício profissional e obriga o ato de prescrever ao condicionamento de um cartão de identificação emitido pela ordem dos médicos para certificar a validação da sua habilitação profissional ou mais grave ainda, se o obriga a usar o cartão de identificação civil é subordinar de forma imprópria a aplicação da lei que regula a preservação da liberdade do direito individual e coletivo, é uma ofensa á dignidade profissional e uma coartação da competência profissional.
A concretização do ato médico tem de ser feita de forma consciente, rigorosa, livre, sem restrições na decisão do cumprimento das boas práticas clínicas.
Pensar que a aplicação da prescrição materializada só pode ser possível com o uso e a validação obrigatória da utilização do cartão de ordem dos médicos ou do cartão de cidadão é bloquear as condições de trabalho e a ação do médico.
Ao impor limites na independência profissional, recomendando/desviando a vontade e seriedade da livre prescrição terapêutica, isto é a decisão que mais se adequa ao tratamento do doente, está-se a impedir o médico de aplicar os conhecimentos científicos e de agir de forma coerente com o que pretende para o seu doente.
A implementação desta restrição contrária não só a ciência médica como o direito do cidadão de ser tratado e cuidado através dos meios terapêuticos que tem ao seu dispor para melhor o cuidar de acordo com a livre iniciativa do médico.
A liberdade profissional do médico é a única garantia que o doente tem para manter a segurança e eficácia do tratamento, preservando os direitos individuais do utente/paciente que estão consagrados na Constituição Portuguesa.
Não há histórico em nenhum país do mundo que a tutela exerça o poder de restringir e limitar o desempenho profissional que coloque em causa a decisão do ato médico de prescrição e a necessidade de utilização de um cartão de uso pessoal para poder exercer o dever do cumprimento das suas obrigações profissionais.
Não será demais lembrar que para uma sociedade ser justa, verdadeira, independente e democrática a autoridade inerente ao fiel cumprimento do dever não pode funcionar de forma proibitiva, e muito menos exigida a uma função profissional de alcance tão abrangente no tratamento do doente.
Que se pretenda que seja justificada pelo alcance de um objetivo fiscalizador desta natureza não tem sentido.
O dever de fiscalizar faz parte da responsabilidade de quem gere, e dignifica o Estado, sendo absoluta e obrigatória para quem cumpre as regras do poder público.
Porém há outras formas de fiscalizar, regularizar e punir quando se justificar os incumprimentos de quem não respeita a lei.
Todavia, em caso algum e em nenhuma outra profissão o trabalhador é obrigado a utilizar o seu cartão de cidadão ou o seu cartão da ordem profissional liberal a que pertence para poder exercer a sua atividade.
Será que o legislador se apercebeu das implicações que este método tem?
Se por hipótese o profissional médico ficar impedido de utilizar o seu cartão (por perda, esquecimento num dos locais de trabalho, roubo ou bloqueio por erro informático, por exemplo), não conseguirá prescrever a terapêutica ao paciente, podendo colocar em risco a vida do doente.
Em suma, consciente ou inconsciente, sabedor ou ignorante, justo ou injusto, feliz ou infeliz, fiscalizador ou controlador, livre ou oprimido, seguro ou inseguro, dependente ou independente, democrata ou ditador, defeso ou indefeso, partido ou repartido, partilhado ou não partilhado, favorecido ou desfavorecido, juridicamente perfeito, submisso ou contestatário, humano ou desumano, relevante ou irrelevante, estratégico ou não estratégico, subordinado ou irreverente, privado ou público, dinâmico ou preguiçoso, ativo ou inerte, constitucional ou inconstitucional, relevante ou irrelevante, lógico ou ilógico, certo ou errado, individual ou coletivo, dispensável ou indispensável, com censura ou sem censura, amputado ou não, defensor dos direitos do doente ou limitador da prescrição não sei.
Apenas me limito a cumprir o estipulado mesmo que esteja errado, seja inadequado ou
inaceitado.
Todavia, não posso deixar de manifestar a minha opinião sendo que a vida do doente não pode depender da funcionalidade de um cartão e a profissão médica no ato da prescrição não pode ficar coartada se o cartão não funcionar.
Como tenho fé, acredito na inteligência humana e no bom senso espero que este método de prescrição termine rapidamente e que a fiscalização do ato médico de prescrição encontre outra forma de controlo que não seja a da aberração do cartão.
(*) Doutorada em medicina
Por: Florbela Gil
Já viram que coisa mais linda? Olhem, que crescida está!
Brevemente iremos vê-la,com suas pétalas abertas, para receber os raios de sol, ou receber as gotinhas da chuva............os dias passaram e a flor desabrochou........ E assim fiquei olhando para ela, linda de morrer........depois o entardecer do dia, beija a flor, e ela vai fechando, devagarinho as suas pétalas, como quem abraça quem ama, para mais uma noite dormir....
Por: Ana Fonseca da Luz
Cumplicidades
Não chores!
A tua tristeza contagia-me.
Começo por olhar-te, depois humedecem-me os olhos, e acabamos por dividir as lágrimas.
Quando as dividimos a dor parece-nos mais amena…
Talvez seja só impressão.
Não chores!
Um dia, quem sabe, em vez de lágrimas, não partilhamos tudo aquilo que hoje nos é proibido.
Como se tudo fosse pecado…
Como se fosse pecado, tentar percorrer o nosso caminho, tirando beleza das pequenas coisas que o mundo, desinteressadamente, põe ao nosso dispor e nós, por burrice, ou medo, deixamos de viver, de usufruir.
Gosto que me ensines coisas.
Gosto de partilhar segredos.
Gosto, de às vezes, chegar ao fim de uma conversa contigo e reparar que não aprendemos nada de novo, nem tu nem eu, mas que aproveitámos o tempo tão bem, como se não houvesse amanhã.
Por isso, não chores!
Juro-te!
Prometo-te!
Brevemente, brevemente, iremos até lá!
Tu sabes onde…
Repara bem, como é a nossa amizade!
Falo-te com meias palavras, com reticências, com frases meio ditas e, mesmo assim, percebes tudo o que te quero dizer, como se me adivinhasses, como se fosses um bocado de mim.
Sabes como se chama isto que nos une?
Cumplicidade…
Deixa estar!
Não chores!
Como diz a Ana Fonseca da Luz, no seu livro, “Um dia, ainda vamos ser muito felizes”…
Por: Maria Encarnação Alexandre
QUEM DERA
Quem dera ser a nuvem passageira
Desejada num dia de calor
Que traz sombra e frescura na canseira
Que traz o esconderijo pró amor
Quem me dera pudesse ser inteira
Pintura em tela branca de pintor
Ou ser da fresca chuva companheira
Quando cai leve em pétalas de flor
Quem dera ser a água cor de prata
Caindo plas encostas em cascata
Em louca e desvairada foliada
E seguisse serena a entoar
Suave melodia rumo ao mar
Entre sulcos rasgados da levada