Na manhã deste domingo, 9 de abril’17, dia em que se realiza um Festival comemorativo dos 85 anos do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira, a cidade deparou-se com o vandalismo contra o Património e a Cultura perpetrado à Praça de Toiros “Palha Blanco” (propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira) e ao Monumento ao Forcado e parte do Parque Urbano do Cevadeiro, da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
A Câmara Municipal vem desta forma expressar a sua indignação e repudiar veementemente estes atos e informa que irá apresentar à PSP uma queixa contra desconhecidos por este atentado inadmissível e antidemocrático contra o Património e Cultura.
Em anexo seguem fotos que demonstram esta ação que, de acordo com o Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, “revelam uma atitude de quem não sabe viver em Liberdade e Democracia e não sabe respeitar a Cultura e Tradições de um Povo”.
Por: Marina Maltez
EU NÃO SEI QUEM TE PERDEU
A ambulância “voava” em direcção ao hospital, os solavancos da estrada faziam-na recear nem que fosse um só segundo de atraso. “Vá lá, vá lá. Rápido. Olha para mim pai, estou aqui, estamos quase a chegar. Vai ficar tudo bem….tu és forte e eu estou aqui e sei que vais ficar bem.”. Não o disse apenas por dizer. Disse-o de forma firme, categórica, presa à sua Fé de que Deus não podia permitir a perda de quem mais amava. Quando finalmente a ambulância chegou à entrada das urgências uma médica e alguns enfermeiros já estavam à espera com uma panóplia de equipamentos: “Calma, vamos tratar dele. Aguarde que assim que possível damos notícias”.
Entrou na sala de espera aquela miúda/mulher de apenas 18 anos e que sem preparação alguma lutava pela Vida do pai. Ele sempre tinha sido e era o seu herói, o seu guerreiro. Agora era ela que vestia a armadura, pegava na espada e lutava pelos dois…a sala estava gelada….vazia…apenas o som de uma música que lhe ficou gravada a ferro e fogo pelo tanto que reflectia o seu estado de espírito “Só eu te posso ajudar”…
Os dias seguintes foram duras provas de resistência: exames, o agravamento do estado clínico, transfusões de sangue constantes. O seu ídolo agonizava numa cama de hospital mas sempre com um sorriso para a sua princesa, aquela a quem oferecia sempre três cravos vermelhos comprados na Tia Teresa. “Porquê Pai? Porquê cravos?”. Nunca o soube, mas ainda hoje são essas flores que coloca na sua campa.
Permaneceu ao lado da cama dele sempre. Não comia, não descansava. Só se ausentava os momentos que passava na capela, em preces sucessivas, pedindo a Deus para ter misericórdia.
Fazia-lhe a barba, com tanto medo de o magoar, mas fazia. Talvez inconscientemente soubesse que não teria um futuro. Aplicava-lhe a medicação para aliviar as feridas. Os dias eram marcados por essa rotina: higiene, alimentação, cuidados de saúde. Os estudos ficaram em pausa. Agora o Pai era tudo. Prioridade única e sagrada.
Mesmo quando todos diziam que nada havia a fazer, ela continuava a acreditar, a ter fé. Acreditava piamente que ele iria levantar-se e que a doença passaria.
Um dia, um dos enfermeiros disse-lhe: “Sabe que é muito pouco provável que o seu pai sobreviva?”. Ela sorriu-lhe: “Não. O meu pai é um vencedor e juramos nunca nos separar. Ele prometeu e cumpre sempre as suas promessas. E eu cá estou a cumprir a minha. Só sairei daqui com ele”.
10 de Março de 1999. Pelas 11:45 o seu telemóvel toca: “Acredita em milagres?” disse uma voz familiar do hospital. “Estou à espera de um há seis meses e esperarei sempre”. “O seu pai levantou-se, tomou banho e fez a barba. Tudo sem ajuda. Mas parece um pouco confuso porque diz que agora só lhe falta a sua Princesa”. O seu coração bateu como trovão, disparado de tanta emoção e alegria: “Não. Não está. Ele tem razão!”. Saiu apressada a dar a boa notícia à mãe para que fossem rapidamente para o hospital. Chegaram expectantes, queriam vê-lo, tocar-lhe, sentir o seu abraço caloroso. Era desta que o pesadelo tinha terminado e iriam para casa todos juntos. O elevador estava cheio: “Vai já tu mãe, eu sigo no próximo”. E seguiu. Entrou no corredor. A cama do Pai não estava no quarto. A mãe estava sentada na sala dos enfermeiros pálida, o rosto parecia cera. “Onde está o meu pai?”. Olharam-na com uma tristeza profunda, de lamento. Os seus próprios olhos estavam tristes, não eram só enfermeiros ou médicos, ao fim de tanto tempo eram uma equipa unida que lutava pela vida de um homem.
“Se não chorar nem disser nada deixamos que se despeça dele….”. Entrou na sala gelada onde um corpo repousava numa maca. Aproximou-se: “Não te deixo partir. Este é só o teu corpo. O teu espírito estará sempre em mim”.
Os momentos que se seguiram continuaram a ser um Calvário. Ligar à funerária, avisar no cemitério, tirar o corpo do hospital para não permanecer lá durante a noite. Essa ideia era terrível. A mais de 100 Km de casa, sozinhas…mãe e filha e uma dor atroz.
Por muito que procure palavras a menina/mulher nunca saberá descrever, exactamente, a dor que sentiu. A dor que sente.
Lembra-se que passou a noite abraçada a um caixão. Lembra-se que o fechou e guardou a chave: “Não te vão ver assim pai. A tua memória será o do homem forte, bondoso, humilde, de sorriso nos lábios e coração de ouro”.
Lembra-se do caixão descer à terra debaixo de uma chuva miudinha: “Até Deus chora diante de tamanha perda”. Regressou a casa. O vazio e durante dias, meses, anos esperou que a porta se abrisse e ele voltasse a entrar de sorriso doce e olhar meigo.
Passaram dezoito anos. Continua a ser menina/mulher. E ainda hoje espera que a porta se abra e possa voltar a dizer: “Olá Pai!”.
Por: Florbela Gil
Fernando Jorge, mais conhecido por "charneca", aluno de 19 anos, rebelde, mas simpático. Naquela altura, estamos a falar em 1993, já vestia calças de ganga todas rasgadas nas pernas , lenço na cabeça atado atrás, parecia um pirata . Era um miúdo que durante a aprendizagem, aceitava pouco os meus conselhos, queria fazer tudo á sua maneira. Queria ouvir música num tom alto, subia o som do radio, eu baixava, disse-lhe," deixo-te ouvir rádio, mas tem que ser baixinho. " mas ele não queria, voltava a subir o som.
Por Ana Graciosa
Divagando...
Sou de quem eu quero e não de quem me quer e, também não sou de ficar presa a quem não tem a capacidade de me cativar e agarrar…
Deixo a alma voar, pois a esperança tem asas e, por vezes mostra-me horizontes sem limites da minha imaginação, leva-me a sonhos e lugares imagináveis e só meus….
Que eu consiga, dar sempre aos meus sonhos, asas para voar e nas asas deles, percorrer os mais recônditos e belos pensamentos.
Com imensas falhas e erros, sei que sou persuasiva, intensa e secalhar provoco o “pânico” de tão direta que sou, mas… não alimento falsas esperanças, detesto criar ilusões e falsas expectativas … sou apologista, que se deve deixar sair as palavras, principalmente, aquelas que têm que ser ditas: Frias, nuas, cruas, sem reticências, falhas ou omissões, porque quando há vontades, não existem desculpas.
Quando se quer muito uma coisa, reviramos o mundo, movimentamos a vida, arranjamos maneiras de resolver o que pode ser ou parecer, difícil ou complicado. Quando se quer mesmo muito, não há distâncias, nem horas de cansaço ou vontade que deixe de existir. Quando se quer, não há nada que nos faça desistir ou voltar atrás, porque queremos a sério e a força está nas certezas, no equilíbrio dos sentimentos e das emoções. Quem quer de verdade, conquista-te diariamente e faz acontecer.
Não gosto e nem sei viver de faz de conta, não gosto de metades, meios-termos e muito menos de migalhas.
Chega de desperdiçar tempo, energias e o nosso amor com quem não merece, não sabe valorizar e dificilmente, esse alguém, vai aprender o que isso é.
A vida continua a mostrar-me a ingratidão, o mau carácter das pessoas e a falta de humildade. Que cair, tropeçar e falhar faz parte de quem acredita e de quem continua “ceguinho” sem ver a maldade no coração alheio, a falta de respeito, o quanto somos descartáveis e que infelizmente, não passamos de números.
Quando o que se sente é mais forte que as palavras, quando não existem verbos, adjetivos ou pronomes que consigam traduzir, tudo o que nos vai nas certezas da alma e do coração… como se faz???
De facto existem “coisas” intraduzíveis, inexplicáveis, imensuráveis…
Por: Ana Fonseca da Luz
Dunas
Por favor, já antes te pedi, não arranques ou rasgues as páginas do nosso livro.
Não é um livro grande, eu sei, as páginas são poucas, pois são, mas não tenho dúvidas que são as páginas com as palavras mais belas que algum dia escreverei.
Repara bem!
Todas as palavras que escrevemos estão carregadas de silêncios, de abraços e de pequenos fragmentos de quando éramos pouco mais do que dois meninos.
Eu de tranças pretas apanhadas com laços de seda, e tu, tu de calções abaixo dos joelhos para esconderes os arranhões feitos pelas quedas que davas quando te lembravas de andar na velha bicicleta do teu avô.
Ainda nos consigo ver quando fugíamos até ao mar e ficávamos encostados às dunas, cheios de vergonha por sermos tão novos e já nos amarmos daquela maneira tão assombrosa e intensa.
E sabes do que me lembro e que tu quase de certeza já esqueceste?
Aquela tarde em que ficámos deitados nas dunas, de mãos dadas até a noite chegar, com a lua cheia a engalanar o céu e as estrelas a brilharem só para nós, a ouvir Joan Baez, no velho gravador a pilhas do meu pai.
Ambos ficámos de castigo, mas a gostarmos cada vez mais um do outro.
Depois, um dia, olhámos para nós e já tínhamos crescido, eu já não tinha tranças pretas e tu já fazias a barba e fumavas SG Gigante.
E mais tarde, quando olhámos para trás, eu já não te via e tu já não me vias, por isso, por favor, não arranques nem rasgues as páginas do nosso livro, aquele onde ainda escrevemos, alternadamente com outras pessoas que, sem que quiséssemos, passaram a ser personagens secundárias deste nosso livro, mas onde nós seremos, para sempre, a menina das tranças pretas e o rapazinho de calções.
Já agora, não te esqueças de apagar a palavra “fim” porque amores como o nosso não conhecem essa palavra...
Por: Antonieta Dias (*)
Violência no desporto
Por mais que tentamos encontrar razões explicativas para justificar a violência no desporto, não conseguimos encontrar motivos para que tal aconteça.
Segundo “Freud e Adler “ a agressão resulta de uma frustração anterior.
Todavia a sociedade, não pode ser responsabilizada pela incapacidade da concretização dos objectivos pessoais de cada um.
Na teoria de “Bandura e Walters”, a agressão é aprendida, assim como todo o comportamento humano, sendo que no caso do agressor as razões do seu comportamento criminoso reflectem uma aprendizagem e uma vivência de inter-relações inadaptada a uma sociedade humanizada, livre e democrática que diverge de todos os factores de socialização
Sendo pois os fenómenos de violência caracterizadas como perturbações psicológicas em que os recursos individuais disponíveis não são suficientes para o controlo da gestão emocional, comportamental e social do indivíduo, perante os fatos adversos vivenciados.
Sendo certo de que ao longo da época desportiva existem cerca de 124 mil jogos em todo o País, e apesar da maioria deles decorrerem com serenidade e sem actos de agressividade ou de violência, não podemos deixar de valorizar as agressões e a violência que surgem nalgumas situações.
São estes fatos que desvirtuam o espectáculo desportivo e acabam por gerar “revolta”, nas pessoas pelo mau comportamento desencadeado por indivíduos que não sabem controlar a sua postura violando as regras e os princípios da liberdade individual e colectiva.
De acordo com os dados divulgados pela comunicação social, este ano foram relatados cerca de 40 casos de agressões, conhecidas e divulgadas pelo impacto negativo que marcaram nas pessoas directamente envolvidas nos eventos desportivos e na sociedade em geral.
Sem dúvida que estes números ficam muito aquém da realidade existente.
Todos sabemos que nestes últimos tempos têm sido vivenciados eventos demasiado negativos no que concerne à violência no desporto, gerando uma enorme tristeza e desilusão pelo desrespeito das pessoas envolvidas no fenómeno desportivo.
Assim, tendo em conta o relato e a constatação destes fatos, surge a exigência da implementação de sanções contra os prevaricadores que não conseguem entender que o desporto envolve pessoas que merecem ser respeitadas independentemente dos resultados alcançados pelos clubes desportivos a que pertencem.
Os últimos acontecimentos representam um dos maiores atentados à dignidade e à liberdade dos homens.
Um dos casos mais mediáticos e que despoletou a necessidade de um encontro urgente entre a Secretaria de Estado e os responsáveis pelo fenómeno desportivo teve a ver com a recente agressão num jogo entre o Canela e o Rio Tinto.
Este fato motivou a realização de uma reunião de emergência entre a Liga, Federação árbitros, jogadores e secretário de Estado, cujo objectivo preconizava a importância de definir regras e de delinear os caminhos para que as questões relacionadas com a violência no desporto passassem a fazer parte de um histórico lamentável que apenas irá servir como uma triste recordação dos malefícios do desporto.
Obviamente que campanhas de sensibilização irão contribuir para melhorar e minimizar a negatividade desencadeada por fatos de violência e dos atentados ao cumprimento dos valores implícitos da cidadania.
Todavia, isto não é suficiente e há necessidade de criar um regulamento no qual se definirão as sanções a atribuir não só no que se refere ao desempenho e cumprimento das regras do desporto bem como a aplicação de penas para quem incorre no seu incumprimento quer se trate de desportistas ou não.
A Secretaria do Estado sugere alterações em sanções contra a violência no Desporto, admitindo endurece-las o que irá de certeza contribuir para um melhor entendimento dos atletas e dos espectadores sobre o respeito e os deveres de cidadania que devem partilhar nos recintos desportivos e na sociedade civil em geral.
Todas estas decisões serão uma mais-valia para tentar minimizar e eliminar a violência no desporto.
Em suma, o espectáculo desportivo não pode servir como veículo de manifestações pessoais de insucessos insatisfeitos muito menos para práticas de comportamentos inadequados, inaceitáveis e merecedores de sansões punitivas pelo mau exemplo e prejuízo que causam.
Temos o dever de aconselhar a quem não consegue gerir as suas emoções e desagrados pelos resultados menos bons que são obtidos no decorrer da actividade desportiva que fiquem em sua casa para evitar conflitos pessoais e colectivos, pois a serenidade, a paz e a tranquilidade devem ser mantidas.
(*) Doutorada rm medicina
Por: Maria Encarnação Alexandre
SENTIRES DO RIBATEJO
Entre a terra e o rio há casamento
Que se revela fértil e fecundo
E desse indescritível sentimento
Vieram filhos dar novas ao mundo
Lezíria a mais viçosa tem talento
Nos vinhos com aroma bem profundo
A Charneca, que desde o nascimento
De tomar banho não perde um segundo
É orgulhosa mãe do Carolino
Que se feito malandro é grão divino
E neto do sublime rio Tejo
Filho varão o Bairro, faz dos frutos
Do azeite, das espigas, os produtos
Que fazem o sentir do Ribatejo