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Domingo, 23 de Abril de 2017
TEMAS DE SAÚDE: Vacinas evitaram pelo menos 10 milhões de mortes entre 2010 e 2015

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Por: Antonieta Dias (*)

 

Vacinas evitaram pelo menos 10 milhões de mortes entre 2010 e 2015

 

As vacinas (vírus ou bactérias inativadas) são preparadas a partir de microrganismos mortos como por exemplo, a vacina da poliomielite ou a da gripe, outras são compostas de organismos vivos atenuados (sarampo, varíola e rubéola), e algumas são sintetizadas em laboratório

As vacinas quando ministradas às pessoas criam as defesas (imunidade) necessárias para combaterem as doenças.

Em 1878 o médico inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina contra a varíola. Este cientista constatou que quando o agente responsável pela varíola bovina penetrava no organismo humano estimulava o sistema imunológico e criava as defesas para o combate à doença.

Daí que o nome “vacina” teve origem no termo do latim “vaccinae”.

Mais tarde Pasteur em 1885 descobre a vacina contra a raiva.

Outras vacinas são descobertas, a poliomielite, a febre-amarela, a cólera, a gripe, a hepatite, a tuberculose, o sarampo, a coqueluche, difteria e rubéola (vacina tríplice).

Começaram a partida daí as Campanhas de combate às doenças infecto-contagiosas sendo uma das grandes preocupações dos Ministério da Saúde promover a cobertura a 100% do plano nacional de vacinação a todas as pessoas, a fim de evitar o aparecimento das doenças que podiam ser prevenidas através da aplicação das vacinas e foi através destas medidas que se conseguiram erradicar estas doenças.

As vacinas são o meio mais eficaz para o combate às doenças infecto-contagiosas, são de fácil acesso e económicas.

Protegem contra as doenças através da estimulação do sistema imunológico, aumentado os recursos de defesa através da produção de anticorpos específicos que impedem que os microrganismos se desenvolvam e causem doenças.

Vacinar representa um dos maiores investimentos no sucesso da medicina,

Os programas preventivos, designadamente a vacinação, representa uma das prioridades mais mediáticas dos países que pretendem ter um desenvolvimento económico e que desejam ser bem-sucedidos.

O investimento na vacinação é o meio mais económico e eficaz para combater as doenças infecto-contagiosas, podendo ser considerado como um elemento fulcral na economia na saúde, dado que consegue diminuir o risco, salvar vidas e evitar a morte.

O plano nacional de vacinação (PNV) tem sido ao longo dos anos o pilar de sustentabilidade económica, no setor da saúde.

Prevenir fica mais barato que tratar, pelo que o acesso às vacinas constitui uma prioridade nacional e internacional.

Com base nos dados fornecidos em Abril de 2017 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 2010 e 2015, as vacinas evitaram pelo menos 10 milhões de mortes.

Importa ainda referir que muitos milhões de vidas foram protegidas do sofrimento e incapacidade associados ao sarampo, poliomielite tosse convulsa, pneumonia, diarreia, febre-amarela.

A poliomielite está praticamente erradicada em todo o mundo.
Todavia, existem ainda alguns casos em três países (Afeganistão, Nigéria e Paquistão), estando a ser criadas medidas agressivas para conseguir eliminar definitivamente esta doença.

Um dos objetivos de apoio e investimento económico do combate mundial à poliomielite tem sido desenvolvido pelo Rotary Internacional com milhões de dólares gastos neste projeto.

Em 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS), estabeleceu como meta a irradicação do sarampo (doença altamente contagiosa, provocada por um vírus da família Paramyxovirae) e da rubéola até 2010.

Portugal aderiu de imediato a esta iniciativa, implementando medidas assertivas para o combate a estas doenças, tornando-as obrigatórias com o objetivo e a prioridade de cumprir o Plano Nacional de Vacinação e de obter uma cobertura de 100% na população.

O fato de ter havido um enorme investimento e promoção mundial de combate a estas doenças, prevenindo-as através das vacinas disponíveis, melhorando o acesso e criando os meios necessários para que existisse uma grande adesão em todo o mundo nem sempre isso aconteceu.

De acordo com as orientações da OMS, a vacinação é um dos meios mais baratos e eficazes de prevenir as doenças infeto contagiosas graves, sendo um consenso mundial.

Se esmorecermos podemos não conseguir manter a eficácia deste grande objetivo.

(*) Doutorada em medicina



publicado por Noticias do Ribatejo às 13:26
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Surda-Muda

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Por: Florbela Gil

 

Vou começar por definir  Célia, como uma pessoa muito sensível, foi até hoje a aluna que mais me marcou a nível profissional.

 
Célia, nasceu surda-muda, assim como sua irmã. 
Apesar de serem diferentes, as irmãs, estudaram como todas as crianças, claro com ensino próprio, o braille, mas também sabiam ler normal e escrever. Quando eu digo ler, não é no sentido do som das palavras. 
Célia, queria tirar a carta. Eu fiquei apreensiva com essa situação.
 
O pai dela veio falar comigo, trazia o atestado médico para o efeito, com as devidas restrições que a situação acarretava.
 
Fez-se a inscrição na escola. Celia podia começar a assistir às aulas de código.
E agora? Pensei eu! Como vou fazer para ela me compreender?
 
Ler nos lábios, às vezes ela conseguia, mas era nas pessoas que lidavam muito com ela,. 
Então eu escrevia no quadro o que explicava, canetas, e mais canetas, gastas de tanto escrever, pedindo aos colegas, compreensão por ser uma situação diferente.
 
Às vezes dava por mim a falar alto de mais pensando que assim ela me ouvia. Até que me ria sozinha com a situação.
 
Era uma doçura de menina, muito meiga, mas também se assustava com muita facilidade, qualquer som mais forte ela sentia as vibrações e estremecia. 
Passaram uns meses (dois ou três) e pedi o exame código. Chegou o dia.
Três de março de 1995, Célia fez exame, entre tanta gente, umas saiam reprovadas, outras saiam alegres, Célia foi uma delas. Desceu as escadas, agarrou-se ao meu pescoço a chorar, de tanta alegria que sentia, e orgulho dela mesma, assim como eu estava, vaidosa da minha menina.
 
Outra etapa  esperava, a nós as duas, sim porque, temos um trabalho pratico. Tanto gesto, que tive que inventar no carro para lhe dar a entender o que queria, depois uns coincidiam com outros, toca de trocar por outros, todas as aulas eram um desafio para mim.
 
Uma vez, estava numa subida, e ela ao começar a andar com o carro, deixou ir abaixo, um outro condutor que entretanto tinha chegado atrás dr nós, buzinou,. Incrível a reacção dela. Sentiu o som, e fez cara feia para mim, como quem diz, "que mal criado". 
 
Maio de 1995, dia do exame prático. Começamos as aulas cedo, sempre bem disposta, vi um sorriso pendurado no rosto, e olhito bem aberto, para tudo ver, inclusive os erros das colegas que com ela andavam a dar aulas, a Paula e a Susana, que tentavam sempre ajuda-la .
 
 As colegas, fizeram exame primeiro. Chegou o carro, elas saíram a rir, pois tinham passado, o que deu mais força a ela.
16.horas Célia começa o seu exame, eu assisti, fez tudo muito certinho. Quando acabou, olhou para mim, levantou o polegar,. Acenei com a cabeça um sim , junto com um sorriso de orgulho.  Mais uma vez aqueles braços me envolveram com muito amor e carinho, juntamente com lágrimas de alegria. 
Sabem o que se dizia naquela altura, pelo fato de ela e a irmã terem o problema da surdez? 
Vejam bem,: dizia-se que a mãe era muito religiosa, mas o pai era contra a fé da esposa, e que um  dia deitou fora todas as imagens dos santos porque não queria a mulher a falar para quem não falava. Então Deus castigou-o, dando- lhe duas filhas que não falavam, mas que eram o orgulho dele. 
 
O ditado diz, Deus escreve direito por linhas tortas,.
 
Bem hajam meus amigos/as leitores


publicado por Noticias do Ribatejo às 08:05
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Orgulhosamente mulher...

ANAFONSECA.jpeg

 Por: Ana Fonseca da Luz

 

 

Orgulhosamente mulher...

 

 

Eterna escrevinhadora das almas que desconheço, limito-me a deixar a minha mão seguir o seu curso e traçar na folha branca percursos gloriosos de simplicidade.
Primeiro o caos, depois a ordem.
Primeiro as letras em liberdade, depois acorrentadas umas às outras, formando palavras que lês apressada na ânsia de chegares ao fim, e perceberes a mensagem que alguém que eu não conheço me sussurra ao ouvido.
Neste instante, uma mão que não vejo agarra a minha, e obriga-me a escrever estas palavras pelas quais esperas…há tanto tempo!
São palavras sem duplo sentido.
O preto no branco…
Apenas dizem o que consegues ler.
E o que lês tu?
Nada de transcendente.
Apenas o retalho de uma mulher, (eu…tu?) que luta todos os dias para ser feliz, para ser ouvida, apreciada, respeitada.
Apenas o retalho da mais bela criação de Deus, que por vezes o homem menospreza, apenas por não entender a grandiosidade do que é ser mulher, que trabalha fora de casa, em casa, que pare, que amamenta, que ri, que cultiva plantas e as vê crescer, regando-as, tantas vezes, com as próprias lágrimas.
O meu nome é mulher!
Orgulhosamente, mulher!



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Ser Recíproco?...

ANA GRACIOSA.jpg

Por: Ana Graciosa

 

Ser Recíproco?...

 

Ser Recíproco é aquilo que se dá na mesma quantidade que se recebe, quer seja ao nível de relações sociais, pessoais ou outras, mas, há que entender que também é um ato de liberdade, por parte de cada pessoa e que cada uma deve decidir, quando, como e o que quer dar.

Nunca esqueço que São Francisco de Assis nos ensinou: “é dando que se recebe”.

Pode dizer-se que, reciprocidade é o laço que faz com que tudo dê certo, mas hoje em dia, são poucas as pessoas que sabem retribuir, porque na maioria só se querem aproveitar.  

Fazer um carinho e dar muitos beijinhos e querer a reciprocidade é um gesto absolutamente normal mas, dentro de um contexto materialista, já é puro egoísmo.

Falando no campo pessoal, a reciprocidade do amor, amizade, respeito, carinho, atenção, doação, aceitação, compreensão, confiança, companheirismo… não se encontra em pessoas individualistas, vazias, insensíveis, egoístas e que não fazem o mínimo esforço para mudarem.

Neste caso, o sentimento jamais será mútuo, e as pessoas que não sabem ser reciprocas, consideram que os outros para eles, são simplesmente pessoas submissas. Há muitos casos, em que as pessoas que se gostam ou se amam, e dão tudo por uma relação, acabam por se cansarem e desistir, não por deixarem de gostar, mas pela falta de reciprocidade.

A regra número um e principal do amor é: para conseguir amar alguém, primeiro tem que aprender a amar-se a si primeiro.

O ser recíproco, não é exigir ou cobrar que alguém corresponda com a mesma intensidade ou da mesma maneira, mas sim, em haver sintonia dos mesmos desejos e quereres, porque se não houver partilha, a relação não é verdadeira e mútua e muito menos, sentida de igual forma.

O sentimento livre, verdadeiro e que é de coração, tem vontade própria e necessita ser compartilhado, por isso, é raro, haver alguém que goste de viver numa relação unilateral, porque compartilhar sozinho ou fazer alguma coisa que não tenha algum retorno, não é bom e ninguém gosta a não ser, que haja ou tenha a ver, com uma atrocidade do foro psicológico/psiquiátrico… E não querendo entrar nesse campo, fica só como exemplo, um distúrbio a que se dá o nome de Alexitimia, que é uma espécie de analfabetismo emocional, transtornos psiquiátricos ou uma aprendizagem deficiente da expressão dos sentimentos, que podem ter ocorrido na infância, adolescência ou no percurso do seio familiar. Pode existir alguma dificuldade  em identificar e descrever os próprios sentimentos e ficar alheio para interpretar sentimentos, atitudes e ou emoções que os rodeiam, o que também os impede de reagir  perante sentimentos alheios, assim como sentir empatia, ou seja, colocar-se no lugar de outra pessoa. São raras as vezes, que eles têm a iniciativa de promover ou haver contato físico para se aproximar de alguém, mesmo que estejam na presença de um sentimento intenso e expressivo, eles não sabe como agir ou até não entender, que a outra pessoa possa estar a sentir ou mesmo a necessitar de um abraço, um carinho ou um gesto afetivo…

A nossa maturidade e evolução, vai crescendo com base em experiências e com quem nos relacionamos. Vamos ampliando a visão, a maneira de olhar o mundo que nos rodeia, vamos mudando as prioridades e crescendo em sabedoria, mas jamais totalmente amadurecidos a ponto de não voltar a cair em atos irrefletidos ou não e a não voltar a tomar atitudes impensadas.

Porque será que felicidade rima com reciprocidade?

 



publicado por Noticias do Ribatejo às 07:58
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O AMOR É ASSIM!

MARINAMALTEZ.png

Por: Marina Maltez

 

O AMOR É ASSIM!

 

Olharam-se nos olhos naquele momento único em que se jura amor eterno diante de Deus. Duas pessoas que assim uniam diante de familiares e amigos que certamente já imaginavam um futuro risonho, filhos e momentos para celebrar. Mas uma delas, no exacto momento em que colocou a aliança criteriosamente escolhida para permanecer e resistir à passagem do Tempo sentiu-se gelar: “O que fiz?”.

A questão era obviamente retórica. Os gestos bruscos acumularam-se, os comportamentos desajustados tinham já desgastado o que as unia, as palavras duras e frias eram já difíceis de ouvir. Restava o dever. A obrigação de fazer o que considerava certo: ter uma família e quem sabe…talvez ser feliz…

Mas a suposta lua-de-mel, aquela época em que, como dizem os sábios antigos “Ainda a arca cheira a bolos”, foi tudo menos saborosa e doce.

O Tempo cumpriu a sua ancestral tarefa: passou lentamente. Mas as discussões, as brigas, os conflitos eram já o único quotidiano deste casal que nem se apercebia que os filhos sofriam já em silêncio a presenciar este duelo interminável, como bolas de ping-pong sem saber qual dos dois teria razão: pai ou mãe?

Trabalhava arduamente para a casa, chegava tarde porque quanto mais trabalhasse mais dinheiro haveria para a família e para os luxos de quem nem sequer via e muito menos valorizava este esforço. Nada era suficiente para quem era naturalmente insaciável. Procurava ser uma mistura de carinho, respeito, entrega, dedicação, um porto seguro mas…na verdade…sentia que a outra parte tinha limitado o seu discurso a críticas e queixas que subiam de tom. O Tempo passava…os dias eram mais longos, vazios, apenas preenchidos pelo trabalho e o receio de chegar a casa fria, vazia de afectos. Nem um beijo, nem um abraço, nem um “Como foi o teu dia?” ou “Amo-te”.

Mais um dia, mais uma chegada a casa. Banho dado às crianças (talvez o único suporte daquele casamento) e o fazer o jantar, enquanto algures na casa reinava o silêncio e o ar se perfumava com o cheiro de um de muitos cigarros. Uma rotina mecânica. “Podes vir à sala?. Temos que falar.”. A pergunta e afirmação foram gélidas, cortantes. “Diz”. “Acho que nos devemos divorciar. Assim não podemos continuar”. O tom autoritário e frio foi quebrado pela resposta não esperada: “Tens razão. Já tinha pensado nisso.”. Voltou à cozinha para terminar o jantar da ainda família e matou dentro de si num segundo quem tinha amado por tanto tempo, a quem tinha dado tudo de si.

Os anos passaram. Aquele fardo pesado terminara, mas outro maior se tinha erguido e o carregava cada vez mais. E não podia falar com ninguém. Jamais. Era a sua maneira de ser e de estar. O sofrimento era vivido em silêncio envolto numa máscara de faz de conta que está tudo bem.

Sabe o meu maior problema?” murmurou de forma sofrida enquanto os dedos trémulos movimentavam de forma pesada a pequenina colher de café. “Há mais de dois anos que me custa adormecer sem ter os meus filhos. Acredite que há lágrima e muita dor. Não saber como estão, querer falar com eles e o outro lado não deixar…”. Os seus olhos brilhantes ficaram imersos em lágrimas que teimosamente não queria que caíssem. Era uma pessoa só. Isolada, envolta numa caprichosa teia de dilemas, de conflitos, de problemáticas e completamente resignada a ocupar os dias para evitar pensar. “Ando por andar. Pelos meus filhos na esperança de um dia estar mais com eles e vê-los felizes. Sei que não estão bem. Eu sinto e eles queixam-se e eu…nada posso fazer…”. A voz triste, o olhar sofrido, a postura de quem sofreu dura derrota. “Nem sei porque lhe digo estas coisas…”.

“Trate-me por tu”, foi o pedido inesperado. Os olhos diante de si sorriram ao mesmo tempo que os lábios e o rosto assumia o espanto.  Sorriu de forma tímida… meio com vergonha pela exposição da sua vida pessoal…ou talvez por ter diante de si alguém que lhe inspirava confiança, talvez o porto de abrigo que procurara durante tanto tempo…

O Tempo, no seu passar impiedoso ajudou a sarar as feridas. Ouvia agora os conselhos dados e aos poucos o sorriso sincero de outros tempos voltava a encher-lhe o rosto de alegria. As visitas diárias aos filhos eram um doce bálsamo para o coração! Pouco a pouco, a relação com os filhos foi-se estreitando e fortalecendo. Superavam-se obstáculos e os seus direitos impunham-se.

E ela…(xiu…segredo: mais do que ferida pela vida) lá estava a seu lado, a fiel amiga sempre disposta a ouvir, a procurar ser parte das soluções para os problemas que apareciam. Porquê? Bem…presumo que só os dois o saberão e que ela…bem ela hoje olha para a aliança no dedo e sorri ao lembrar que um dia ouvira: “Nunca mais usarei aliança!”.

O Amor…bem…o Amor às vezes é mesmo assim!

 

P.S.: É com muito gosto que escrevo este texto próximo de uma data especial: o Dia da Mãe. Porque da mesma forma que há muitas mães que são mãe e pai, também há muito pai que tem mesmo que também ser mãe. E nem sempre este lado masculino é visível, talvez por ainda imperar uma mentalidade de que Homem não chora. Errado. Os grandes homens também choram precisamente porque têm um enorme coração e apurado sentido de dever.

É a minha singela mas sentida homenagem a todas e todos que após casamentos desfeitos e lutas muitas vezes sofridas e desgastantes no que concerne aos filhos sobrevivem e se regem pelos valores do bem-estar das crianças e não as usam como “arma de arremesso”. Que cuidam, zelam, protegem, independentemente da relação com o ex- companheiro/a.

Porque por muito que custe…vale sempre a pena lutar pelos nossos filhos e saber separar o passado do presente e do futuro que lhes queremos dar!



publicado por Noticias do Ribatejo às 07:56
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O tempo voa.

CATARINABETES.png

Por: Catarnina Betes

 

 

O tempo voa

 

E com ele, a sensação de intemporalidade, com a qual crescemos, rodeados de afetos e lugares comuns.

Nem todos crescemos com raízes. Alguns simplesmente medram e aprendem, sem atirar sementes à terra.

Outros…ai esses outros.

Crescem e vão deixando raízes que se pregam resolutamente ao chão.

Quisera eu tantas vezes não as ter. Porque quem não as tem, é desprendido e quem as detém, está irremediavelmente preso ao fio ténue da memória.

Ténue, porque por vezes parece tão estreito, que quase questionamos a sua existência. Mas o certo, é que nos momentos autênticos esse fio apresenta-se inquebrável, como se fizesse parte integrante de nós. Como se, no dia em que o mesmo se desfizer, também nós nos retiraremos deste mundo.

Somos como somos. Uns mais emotivos, outros mais afoitos, uns mais desligados, outros, sem saberem exatamente por quê, vitalmente conetados a sítios, pessoas, memórias e lugares.

Uns olham apenas e resolutamente, para a frente e para o caminho tentador, que o futuro exibe.

Outros, de forma indecifrável, vão avançando, mas a um passo mais lento e pensativo. Sensitivo. Porque reconhecem a beleza de apreciar o percurso e a relevância de se estar vivo. Como se todos aqueles passos tivessem já sido dados e detivessem a perceção de que o principal não é o destino, mas a alegria do caminho. E então, usufruem de cada passo dado, cada rumo, cada nova figura que se achega, cada sensação, cada lugar, porque têm presente a propósito de que nada é exclusivamente o que aparenta, tudo é mais, do que o perceptível aos nossos olhos.

O principal está disfarçado. E para se conhecer ou conquistar, é necessário tempo.

Tempo sem pressas e olhos abertos para o que existe, além do primeiro olhar.

Quando penso em felicidade, penso em tempos sem tempo contado. Dias em que a alma era atenta, ao que não se via no imediato. A infância.

Temos tanta pressa de crescer e quando acontece, ficamos cegos, porque apenas vemos o que os nossos olhos permitem alcançar. E isso é muito pouco.

Quando penso em felicidade, penso em coisas simples.

Como na mula do Gimbrinha. Uma mula que puxava uma carroça, que frequentemente atravessava as ruas da aldeia onde cresci e passei dias inteiros a brincar sem limites de tempo, ou horário marcado.

Percebi mais tarde, que o que tornava aquela dupla notória, não era tanto o senhor Gimbrinha, que levava a carroça, mas mais a mula, que o transportava no regresso a casa, sozinha, sem mentor.

Quando penso na verdadeira felicidade, penso em coisas simples.

Como nas mulheres de pés descalços que por vezes passavam em frente à minha porta, como se saíssem de uma máquina do tempo, em que ainda não se usavam sapatos e o frio não as enregelava, porque a ele, estavam resignadas.

Penso nas peixeiras que conduziam os carros de mão e vendiam o peixe porta a porta, pescado pelos maridos e por elas mesmas, atirando as redes ao Almonda e ao Tejo, sem que nenhum dos dois soubesse nadar.

Penso no melão vendido à beira da estrada. O melão apanhado por miúdos, graúdos e velhos da aldeia que precisavam de trabalho. Os braços vermelhos do roçar do mesmo, o regresso no fim do dia a casa, tantas vezes com o reboque ainda carregado, outras, em que o pai, a mãe ou o avô, passavam a noite na barraca a guardá-lo, para, com alguma sorte, o despachar no dia seguinte.

Ou então, penso na apanha do tomate, carregado pelo pessoal balde a balde, para encher cada caixa que no fim do dia, contabilizava o ganha-pão de cada um.

Velhos e novos sempre prontos a dar luta, resistentes sem nome, que se negavam a deixar os filhos passar fome, quando havia trabalho, mas não emprego.

Quando penso na felicidade, penso no meu pai, quando à noite ia desligar os motores da rega do milho ao campo, junto à reserva do Paúl do Boquilobo e eu pedia para ir com ele.

Íamos no volkswagen azul, pelo campo da Golegã adentro, no silêncio da escuridão, apenas perturbado pelo canto dos grilos e a noite, parecia-me então, imaculada.

Quando penso na felicidade, penso numa mesa cheia, em que ninguém se entendia nem ouvia, mas os risos eram permanentes e verdadeiros. Porque a família estava reunida.

A verdadeira felicidade, esconde-se por trás de coisas simples.

Desengane-se quem a procura noutro lado.

Ela parece existir, mas é enganadora e inconstante.

A que deixa memórias, é a outra. A que se esconde por trás da sombra de um dia simples de verão, um olhar através da janela que encobre um dia de chuva, com a lareira da sala, acesa.

A que se esconde por trás de um abraço, de um olhar, de um simples piscar de olhos.

Porque tal como a vida, também a felicidade é transitória e passa velozmente. E deixa marcas.



publicado por Noticias do Ribatejo às 07:56
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POESIA: TEJO...TEJO...

ALEXANDRA.jpg

Por: Maria Encarnação Alexandre

 

TEJO...TEJO...

Tejo...Tejo...tão vazio!
Nos meus olhos há mais água
Por olhar-te e sentir mágoa
De não seres esse rio
Onde antes o mulherio
Fazia bóia da anágua
*
Nos dias de sol ardente
Tua água refrescante
Tão límpida tão brilhante
Fazia pra toda a gente
Um dia bem diferente
Num tempo que vai distante
*
Eram horas de prazer
De alegria e reinação
Durante todo o Verão
Naquele são conviver
Que é impossível esquecer
Quem ao Tejo tem paixão
*

unnamed.jpg


Pescadores sempre havia
Fosse Verão ou Inverno
Buscando ali seu governo
E da fataça à enguia
Era sempre uma alegria
Sentir o Tejo fraterno
*
Agora, fraco adormece 
No seu leito só de areias
Não entra pelas aldeias
Está mal e não se enfurece
E até dos campos se esquece
Que eles precisam de cheias

«Foto Carlos Marecos»

 



publicado por Noticias do Ribatejo às 07:30
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