Por: Antonieta Dias (*)
(*) Doutorada em medicina
Por: Florbela Gil
"Eu, Placidina....., as minhas memorias de menina.
Por: Ana Graciosa
Um dia, cresces... Percebes que a vida é muito mais madrasta que te possam ter dito ou contado, e que, na sua maioria, não é só sorrisos e bons momentos. Que o "amor" é muito menos que as histórias que já ouviste. Que a paixão e dedicação, é muito mais que beijos e amassos. Que príncipes não existem e, muito menos vêm montados em cavalos brancos. Tudo o que se vai embora, nem sempre volta como dizem. Que toda a gente tem defeitos e, é raro encontrar alguém que os veja e que os diga. Que palavras, não são só meramente palavras. Que às vezes, uma lágrima vale mais que um sorriso e, um sorriso por vezes, vale mais que mil palavras Que uma história pode começar com um simples olhar e, quase se pode dizer, vale quase tanto como o conteúdo de um livro. Que existem pessoas que jamais te darão o direito de te "defenderes" do que te acusam ou falam de ti. Que uma música traduz e significa mais, do que tu própria consegues explicar. Que tens que lutar pelas pessoas que amas e fazem toda a diferença. Que imensa gente te vai desiludir, assim como tu, provavelmente também o farás. Que um beijo, jamais será só um beijo. Que uma atitude pode mudar o teu destino. Que as coisas não se resolvem se não tiveres a coragem, humildade e frontalidade de as encarares e nunca se resolvem só com um "desculpa". Que uma brincadeira pode conter mais seriedade do que se possa pensar. Que o amanhã pode ser tarde. Aprenderás que haverá sempre um "e" ou um "mas" no final de cada frase. Passeio, vou ao cinema, Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Não sou rica, mas sou uma rica pessoa, faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar. Que só quando desistires, existirá finalmente um ponto final…
Por: Marina Maltez
“O lado psicológico de uma criança é muito frágil. As certezas que ela formar permanecerão. As suas palavras moldarão o destino dela”.
Autor Anónimo
Não teria mais de 8 anos quando em casa fiz um pedido que a Mãe estranhou e o Pai nem tanto (típica proximidade entre filha e pai). Estava fascinada com uma colecção de contos infantis. Dezenas de livros de capa brilhante e cores vivas desafiavam qualquer orçamento familiar à época. Mas a vontade de os ter era tanta que assumi abdicar de doces, brinquedos e tudo o mais que à data fascinava uma criança. A verdade é que nunca fui uma criança igual e creio (ou melhor tenho a certeza) que isso inquietou bastante a Mãe (para ser sincera ainda hoje e eu perto dos 40 e ela ainda se questiona com esta fome e sede de livros!). Em plena praia as outras crianças corriam na areia, pulavam na rebentação da sondas, faziam castelos e outras figuras e eu… eu lia!
E aquela colecção, cujo título jamais esquecerei- As Histórias do Avozinho- fascinava-me. E como ela fez as minhas delícias durante tanto tempo. Lia e voltava a ler e lia uma vez mais.
Passaram 30 anos. O meu gosto pela leitura mantém-se. Para ser correcta teve um agravamento acentuado que me satisfaz por completo! O livro é a minha fiel companhia!
Da colecção tão desejada gravei as imagens que me levaram a mundos de sonho e uma frase que me marcou, marca e à qual recorro com frequência: se a palavra é de ouro, certamente o silêncio será de prata.
Anatomicamente comprova-se esta frase: se temos 2 ouvidos e 1 só boca será indício de que devemos ouvir mais e falar menos.
Não. Não defendo a falta de diálogo. Pelo contrário. A comunicação interpessoal é-me preciosa, pois é nela que fundamentamos a nossa essência de ser pensante e social.
Quer queiramos quer não, vivemos na era do poder da palavra! Nunca ela terá tido tanto impacto (ou talvez o tivesse no momento em que o Homem enquanto espécie a desenvolve): televisão, rádio, internet, jornais, revistas… seja falada ou escrita a palavra impera. Acompanha ou contradiz comportamentos. Gera reacções, leva a atitudes e dita consequências.
Lamentavelmente, imperam as que rotulei como “palavras tóxicas”. São aquelas que resultam de conflitos, desentendimentos, exigências e que diariamente moldam os pensamentos. Quer de quem as diz…quer de quem as ouve.
“Não vales nada. Só fazes mesmo peso ao chão. Morre tanta gente que até fazia falta e tu aqui diante de mim. Não tens coragem para te matar? Fraca. Não mereces o ar que respiras.”
Por: Ana Fonseca da Luz
Há dias em que tenho medo de mim. Hoje, tenho medo de mim!
É como uma loucura que só eu enxergo e que me inunda todos os dias mais um bocadinho, e eu soubesse que, a qualquer momento, tudo ruísse aos meus pés.
Agarro-me nem sei a quê para me salvar, sabendo à partida que estou condenada.
Se eu ao menos soubesse chorar por mim. Mas estou seca!
E mais uma vez, a rede que me separa do chão, do fim, me segura e me embala, me adormece e me entorpece os movimentos sempre estudados e ensaiados mil vezes.
Como posso eu voltar a ser eu? Como posso eu desistir da minha rede, sabendo que a qualquer momento me posso estatelar no chão?
Rodopiam todos os meus sentidos e todas as minhas forças me abandonam no momento da verdade. E como a verdade pode ser cruel, brutal, impossível de alcançar.
É por isso que me fazes falta, me fazes mal e bem, tanto bem!
Lanço-me uma última vez neste trapézio, agora já sem rede. Preparo-me para a queda que me parece agora inevitável e surpreendo-me, porque caio e não me dói.
Algo me agarra no ar, enquanto pairo no vazio. Reparo que é a vida que me agarra e eu que me agarro ao tempo. Lá ao longe, encontro o brilho dos meus olhos que nunca perdi, que me guia e me cega, no momento em tudo parece consumado.
Não fosse o bem e o mal que me fazes, jamais teria coragem para te dizer:
- Fazes-me falta.