Por: Antonieta Dias (*)
O rigor da ciência médica
Não existe ciência ambígua, muito menos conseguimos construir uma imagem fotográfica que defina o rigor da ciência numa simples abordagem de corredor.
Existem sim modelos de trabalho que pelo seu grau de complexidade e de concentração são fatores determinantes para que não sejam permitidas determinadas atitudes que poderão colocar em risco a credibilidade do ato médico.
Os processos de manutenção de uma atividade concebida para lidar com a vida humana não são compatíveis com atitudes que possam gerir conflito entre o que é adequado e o que na realidade é prestado.
Os médicos devem adotar os critérios exigidos pela qualidade e rigor que a sua profissão exige.
Não devem aceitar que a abordagem clinica seja transformada numa questão crucial que os obrigue a dar o seu parecer como se tratasse de uma opinião social que se discute a mesa do café.
Não traz dignidade, não é confortável para o médico e muito menos objetivada e percebida pelo paciente que a solicita.
Importa, contudo referir que este comportamento do médico não traduz recusa ou negação de dar a sua opinião perante uma questão que lhe é colocada.
Todavia, a crença e a dúvida podem ser vivenciadas em todos os atos médicos que são sempre baseados na ciência, no rigor e na aplicação da legis artes.
Não existe nenhuma relação no mundo que exclua o modelo de representação humana.
Certo é que por mais paradoxal que seja a força da consciência e a realidade mapeada por cenas de aprendizes não há imagens ou representações que substituam o ato médico, muito menos discursos que possam banalizar as palavras ou as ações que suprimam a inteligência, a fé convencional e a arte do exercício da medicina.
A imagem do apreender, a representação do saber, a obrigação de ter uma história, uma objetivação que permita uma decisão clinica assertiva, são condições sine quo non para garantir a qualidade de uma boa prestação do serviço médico.
Com base no rigor da ciência e na capacidade de execução todo o profissional médico tem de aprender a dizer não quando lhe pedem a opinião num local publico inadequado e descontextualizado da obrigatoriedade e da dignidade da sua profissão.
Dar um parecer médico não é uma banalidade do dia-a-dia, exige
Não pode ser considerado como um discurso sem texto, em que o saber absoluto fica suprimido e condenado a um significado adotado para resolução da uma situação pontual que de absoluto apenas tem o facilitismo circunstanciado no interesse e beneficio errado de quem o solicita.
Se constatarmos que em qualquer profissão, por mais básica que seja a cotação e a forma de resolução do problema envolve sempre prestação e pagamento de serviços
De acordo com estes princípios não é entendível porque razão se vem pedir ao medico a opinião como se o mesmo tivesse a obrigação de fornecer o seu conhecimento, a sua experiencia clinica " no corredor ou no balcão do estabelecimento", sem que a mesma seja realizada e paga de acordo com a dignidade que merece.
Não estou preocupada se o intuito de quem pede o parecer se destina a poupar o custo da consulta, o que não é correto porque o ato médico que é prestado é um ato técnico, de grande responsabilidade e de conhecimento que merece ser remunerado.
Todo o médico tem direito a dispensar os honorários do seu meritório trabalho, porém deverá fazê-lo de acordo com a sua livre vontade quando e onde quiser, sem contudo deixar de manter a exigências conceptuais que tal ato exige.
Todos sabemos que em qualquer profissão quando é solicitado um serviço por mais simples que seja a sua realização é comunicado de imediato o preço da sua efetivação que poderá incluir a deslocação, o material e o valor exato da sua execução, sendo por vezes mal aceite por parte do prestador do serviço a solicitação da fatura e do recibo, o que é como sabemos uma obrigatoriedade legal.
Não é entendível que na profissão medica não sejam adotados os critérios de seletividade e abordagens tradicionais de acordo com as possibilidades e interesses de ambas as partes, sendo que para cumprir a sua missão não existem hipóteses ou teses questionáveis que os demitam desta obrigação.
No tocante a gestão das suas atividades, não são permitidas imposições de terceiros que coloquem em causa a liberdade do ato medico.
Não é difícil compreender que a atividade dominante da organização profissional dos médicos incide na defesa da vida e na cominação da ciência e da humanidade, não havendo retorno nem substituição de uma vida que é perdida.
Em suma, para que a qualidade da medicina não seja prejudicada e para garantir o bem-estar do doente há que acabar com a banalização do ato médico e garantir que seja sempre executado com base na ciência, na dignidade, na responsabilidade, na humanidade e no prestigio que tem.
(*) Prof. Doutora /Faculdade de Medicina do Porto
Por: Ana Fonseca da Luz
Bate a porta ao saíres
Há quantos anos me conheces? Há muitos. Quantos romances já me conheceste? Muitos. Alguma vez me viste chorar por algum homem? Nunca. Mas também nunca me ouviste dizer que te amava ou que ia ser para sempre. Sempre te disse que ia ser até que durasse. E comigo, as amizades são para sempre, os amores são só até um dia. Até ao dia em que o homem com quem estou já não me diga nada, já não me surpreenda. E tu já há muito que não me dizes nada. Está bem. Acredito que gostes de mim. Mas não devias. Devias guardar esse sentimento para quem o mereça, para quem goste de amores “até que a morte nos separe”. Não gastes esses sentimentos comigo.
Não consegues ser só meu amigo? É pena. Gostava de conservar a tua amizade. Gosto de conversar contigo. Gostamos das mesmas músicas. Ambos somos doidos por Mozart, ambos gostamos de filmes a preto e branco, ambos gostamos da praia, ao fim da tarde. E depois? Eu também gosto muito do nosso gato e ele de mim e nem por isso estamos a pensar em casar.
Não, não te quero magoar. Só quero que percebas que o que é muito importante para ti, para mim tem pouca importância. Sou insensível? Não, sou apenas realista. Por amor de Deus, não chores! Não suporto ver um homem chorar. Enerva-me. Um homem só deve chorar quando perde o pai, a mãe ou um filho. De resto, deve enfrentar as coisas com a cabeça erguida. Não sejas fraco. Não me desiludas mais … já chega.
Vais-te embora? Podes ficar para jantar. Vais só depois. Fica. Fazes-me companhia mais este serão… Pronto, se queres, vai. Passas amanhã, para levares as tuas coisas? Também, tens cá tão poucas coisas!… Dois ou três CDs, uma escova de dentes pronta para ir para o lixo, o cachecol que te ofereci este Natal e o nosso gato. Deixa o gato! Sabes que o adoro e, além disso, sabes perfeitamente que ele gosta muito mais de mim do que de ti. Deixas? Óptimo! És um querido!
Já saíste. Bateste a porta com força. Deixo finalmente cair o pano. Caio no sofá e choro.
Outro capítulo se encerrou na minha vida. Há que virar a página deste livro. Limpo as lágrimas e ponho no DVD, pela milésima vez, um filme do Vasco Santana:
Palerma… amores há muitos!…
Por: Florbela Gil
As dores continuaram por mais uma semana, dava-me cãibras na barriga, e continuava muito inchada, parecia que tinha já cinco meses de gravidez, até que doze dias depois...ia no carro com meu filho mais velho, e disse-lhe, que estava com uma grande vontade de comer sopa, uma sopa qualquer. Ele sorriu para mim.
Por: Ana Graciosa
Com pele de anjo e lábios de demónio... confiar nas pessoas é um erro!
Voltar a acreditar é outro…
Há chegado de mansinho e os olhos abraçaram-se mutuamente,
Percorreram cada centímetro, sem pressas ou hesitação,
Arrepiando a pele, sem nada fazer para que isso acontecesse…
O diabo enamorou-se pelo anjo, pelos seus encantos angelicais, e decidiu converter-se à credibilidade pura da alma, mas… voltou-se a queimar sem ser no seu inferno, de onde nunca devia ter saído...
A paz misturava-se com o fogo ardente e tórrido…
Nem todos os demónios são maus, assim como, nem todos os anjos são bons. Não sei quem habita em quem.
Mas… Quero voltar a perder-me naquele abraço, enroscar nos braços e sentir apenas o calor e o momento
Há que fazer com que os anjos e demónios sejam despertos,
Há que e deixá-los perturbados, para que a vida tenha outro sabor e não cair na rotina.
Será que em mim habita o anjo!? Ou será mesmo o diabo!?
Um dia talvez venha a saber, qual deles escolheu meu corpo
E tu? Com qual escolhias ficar...