Por: Ana Fonseca da Luz
Os imortais
A amizade é realmente uma coisa maravilhosa. Talvez porque podemos escolher os amigos e eles não nos serem impostos pela natureza.
Gostamos dos amigos porque gostamos e está tudo dito.
E nem é preciso vermo-nos todos os dias, ou constantemente estar pendurados ao telefone.
Quando somos amigos, mesmo sem nos falarmos todos os dias, sabemos sempre que podemos contar uns com os outros.
Às vezes, basta uma pequena mensagem a dizer “não parece, mas nunca me esqueço de ti” e o amigo, do outro lado, esboça um sorriso e sabe que é verdade. Sabe que tem sempre um ombro para chorar quando for preciso e que pode dividir uma alegria, mesmo à distância.
Eu tenho amigos maravilhosos, não são muitos os amigos “amigos”, mas são imortais.
E agora que, escrevendo, lembrei alguns bons amigos que já perdi, acabei por sorrir, porque a minha aguarela de saudade está cheia dos seus sorrisos, que eu nunca esqueço.
Apetecia-me mencioná-los todos, um a um, mas, infelizmente já são realmente muitos…
Que pena termos feito esta viagem juntos por tão pouco tempo…
Mas, como acredito piamente que isto que vivemos aqui é apenas uma passagem para outra vida, e o que deitamos à terra, quando fechamos os olhos de vez, é apenas a embalagem da nossa alma, embora triste e silenciosa, também estou esperançosa de que um dia voltaremos a estar todos juntos.
A todos os imortais que já partiram, deixo a minha aguarela de saudade, porque, ao fim e ao cabo, eles continuam presentes, eu apenas os deixei de ver…
Por: Ana Graciosa
“Esperas”…
A cada final do dia, corro para casa e espero que chegues,
com a malicia de te provocar, ouço a tua voz à chegada a chamar por mim e, em surdina, morro de riso enquanto me escondo, ao mesmo tempo que a ansiedade de me encontrares, se aproxima a cada passo teu.
E então ... abres a porta da cozinha, avanças decidido como se tivesses adivinhado o local onde estou e, sinto levantares-me ao colo, como se de uma boneca de pano se tratasse,
lanças-me para cima da mesa, deixando-me vulnerável a teu belo prazer…
As minhas gargalhadas, ecoam pela casa toda, fixo os meus olhos nos teus e, dás-me um beijo na testa, passas as mão pelo meu cabelo e sussurras ao meu ouvido: “Louca! Só tu me fazes esquecer as tempestades do dia e só tu me deixas louco também…”
Entre entrelinhas e olhares que só nós entendemos,
Às conversas e maluquices que se dizemos para nos picarmos,
Em breves minutos, passámos a ser um só, usufruindo de todas as manobras que fazem esquecer o mundo lá fora,
ao som da nossa sonoridade favorita…
Por: Antonieta Dias (*)
O Direito à Vida
Ninguém tem poder ou direito de excluir a pessoa da mais nobre função que é a Vida, sendo por isso necessário criar as condições para que a pessoa viva com dignidade.
O Estado tem o dever de defender as pessoas, de criar as condições necessárias para proteger a vida que é um direito inalienável reconhecido como o primeiro e mais elementar dos direitos humanos.
Não existe explicação que reúna critérios de admissibilidade para desprezar a vida nem cabe ao Estado decidir quem tem direito a viver e quem deve morrer.
Ter direito à vida inclui respeito e sustentabilidade dos meios necessários que visem a proteção da saúde e a criação de medidas politicas que garantam o acesso ao trabalho como meio de subsistência impedindo que as pessoas morram de fome.
Quem governa e dirige uma Nação tem de demonstrar de forma clara e inequívoca que reúne as condições e as coloca em prática, que respeita e protege a vida desenvolvendo uma política de confiança e segurança para todos os cidadãos.
O investimento público destinado a proteger a saúde e a defender a cidadania representa a preservação do Direito à Liberdade individual e coletiva, inerente a uma sociedade democrática que visa permitir a manutenção da liberdade de expressão desde que a mesma respeite a honra e a dignidade da outra pessoa.
Uma sociedade democrática, onde todos são iguais em deveres e direitos cria a responsabilidade do cumprimento dos objetivos que não colidam com a preservação destes princípios, muito menos gere desigualdades ou restrições da sua Liberdade.
Com base na VII Revisão Constitucional (2005), que passo a citar:”
Princípios fundamentais
Artigo 1.º
República Portuguesa
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Artigo 3.º
Soberania e legalidade
Artigo 9.º
Tarefas fundamentais do Estado
São tarefas fundamentais do Estado:
Com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Artigo 1º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para os outros com espírito de fraternidade.
Artigo 3.º
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 5.º
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 17º
1-Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.
2-Ninguem pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.”
Em suma, provavelmente nunca chegaremos a saber o valor exato da nossa vida, todavia uma coisa é certa, todos somos precisos e necessitamos de amor para construir um mundo mais justo, mais humano que saiba cuidar, perdoar, acolher e preservar a vida com alegria e felicidade.
(*) Prof.Doutoura da Faculdade de Medicina do Porto
Por: Florbela Gil
Irene, aluna com cerca de 36 anos. Era uma senhora muito simpática, e simples, e mãe de quatro filhos.