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"A Imparcialidade Na Noticia" -
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Por: Ana Fonseca
Será que regresso?
Tudo começou como tudo começa sempre, ou seja, com aquela vontade imensa de ser intensamente feliz e se bem que passado é passado e depois de vivido não há como voltar atrás, resta sempre aquela saudade do que foi e do que não foi, mas que deveria ter sido.
E depois…
Depois há palavras que soam melhor do que música e que têm o dom de nos facultarem asas, levando-nos para lugares encantados. Por isso, quando dei por mim, já tinha partido.
Ainda tentei arrumar as ideias e voltar para trás, mas as minhas asas subitamente deixaram de me obedecer, as emoções confundiram-se com
sentimentos e quanto mais olhava para o lugar vazio que tinha deixado quando parti, mais vontade tinha de não regressar.
Doía-me aquela viagem porque me assustava pensar que tinha de fazer o caminho de volta, sozinha.
Mas, era uma dor assimétrica, onde tudo parecia demasiado grande e importante apesar da pequenez do instante e da grandiosidade dos sentimentos envolvidos.
Libertei-me finalmente de preconceitos e quase, quase me revi na menina que um dia fui e de quem tenho tantas saudades.
Sorri, corei, apeteceu-me uma bebida fresca, para aliviar a pressão de tão intensa viagem e olhei para baixo, para o lugar que deixei vazio e que já chamava por mim.
Não me apeteceu regressar. Mas a sensatez prevaleceu. Maldita sensatez…
Não é fácil morar em mim, por isso, sempre que posso, parto. Ou será que regresso?
Por: Antonieta Dias (*)
Antibióticos
Designa-se por antibiótico um fármaco cuja função é tratar infeções causadas por microrganismos designados por bactérias.
São substâncias farmacológicas usadas com fins terapêuticos, tendo por si só indicações específicas e devem ser utilizados com muita cautela.
Os antibióticos atuam sobre as bactérias de duas formas: destruindo-as designando-se esta ação como bactericida ou inibindo a sua replicação, agindo assim como bacteriostáticos.
Os antibióticos não destroem os vírus.
Devem ser usados quando indicados e a seleção do grupo /classe tem de corresponder à sensibilidade da bactéria em causa, constituindo assim um ato médico de relevo, para o qual é imprescindível o conhecimento científico da doença, do fármaco de eleição para o seu tratamento bem como a tipologia do doente ao qual vai ser aplicado tendo em conta as características individuais da pessoa em causa.
Podem ainda ser utilizados na profilaxia antibiótica (antes da realização de uma cirurgia), para prevenir o aparecimento de infeções operatórias.
São causa frequente de resistência se forem usados de forma inadequada, sendo por isso de vital importância a seleção correta do fármaco para o tratamento que se pretende instituir ao doente.
Com base nas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 50% dos antibióticos prescritos são feitos de forma inadequada, sendo esta a principal causa de resistência antibiótica.
Em Portugal existe legislação específica na competência da prescrição terapêutica, sendo a mesma da responsabilidade médica, prevendo a penalização na venda ilegal de antibióticos sem receita médica.
Todavia, infelizmente continuam a ser feitas vendas ilegais (sem a respectiva receita medica).
Compete ao Infarmed (Instituto Público), fazer a fiscalização destas situações o que nem sempre é fácil.
Portugal é um dos países da Europa em que as taxas de resistência aos antibióticos são elevadíssimas.
Em consequência destes dados e preocupado com este grave problema foi criado em Portugal o Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antibióticos (PNPRA), com a intenção de diminuir a taxa de resistência aos mesmos e com o objetivo de sensibilizar os profissionais (médicos), e as pessoas que os utilizam indevidamente (sem a respetiva prescrição médica), para a necessidade do uso racional dos antibióticos.
Cabe assim a todos os intervenientes neste processo a responsabilidade do uso dos antibióticos de forma criteriosa e sensata.
Em suma, os antibióticos são indispensáveis no tratamento das infeções, porém devem ser obrigatoriamente prescritos pelos médicos, que deverão fazê-lo com base na evidência científica, respeitando sempre as recomendações para este ato médico e agindo escrupulosamente de acordo com a “legis artis”.
(*) Prof. Doutora na Faculdade de Medicina do Porto
Por: Florbela Gil
Começo,...nem sei por onde começar, há coisas na vida, que deviam ser vividas, como se não houvesse o amanhã. Sim porque, os dias, as horas, os minutos, segundos, passam por nós a correr, mal damos por nós, e passou mais um ano, e o que vivemos? Que recordações, fizemos? Muitas vezes nada!
Trabalho, casa, filhos, marido/esposa, e nada mais.
É triste ver, famílias que não sabem criar memórias, valores, para seus filhos, o trabalho, muitas vezes é o que conta, com as desculpas, que o dinheiro é preciso, para pagar as contas, e que alguém tem que trabalhar.
Realmente, com as dificuldades que as famílias hoje atravessam, muitas pessoas tentam ter dois trabalhos... Mas será que valerá a pena? Quem nos dá valor?
Os filhos? A esposa? O marido? O patrão?
Quem não se valoriza, não tem amor próprio. Acredito que, as desilusões do dia a dia, muitas vezes, fazem com que, o ser humano, deixe de acreditar nele próprio.
A rotina, diária, faz o ser humano, ficar parado no tempo, o cérebro deixa de ser elástico, fica duro na maneira de pensar. Mas às vezes, basta um estímulo, para, que essa elasticidade volte, muitas vezes com mais força!
Não é bom, quando alguém nos pergunta, "- Então como vais? Bom dia". Seja pessoalmente, seja pelas novas tecnologias, basta alguém, e o nosso cérebro, às vezes acorda do marasmo diário.
E triste, é, também quando as pessoas só se importam com outras quando precisam delas, ai vem, o bom dia, a boa tarde, a boa noite.... E tudo o resto, mostram-se carinhosas, interessadas, amigas,...mas aos poucos, vão deixando escapar, pequenas frases, e nos deixam com a pulga atrás da orelha, e mais cedo ou mais tarde, o que já se imaginava que iria acontecer... aconteceu!
E levamos com a resposta, que já se desconfiava, que iríamos ter. Hoje amizades verdadeiras, quase não existem, tudo gira em torno de algo que tu podes fazer, que te pedem, e quando já têm, afastam-se de pantufas.
O desapego, existe, e isso deixa-me triste.
Muita vez mendiguei, uma atenção, um carinho, um beijo, e me recusaram. Sofri, doía muito. Aprendi com isso a ser dura, a viver sem amor e carinho de quem tinha o dever de me dar.
Hoje, sei que não estou só, nem nunca estarei, muitas mais se revêm nesta situação, mas sabem? O que não me derruba, fortalece-me!
Quem me souber respeitar, pelo que sou, pelo o que faço, terá de mim, a mesma coisa.
Eu adoto, muitas avós, e avôs, adoro dar miminhos aos meus clientes que vão ao meu quiosque. Acreditem, saio muita vez, a porta para fora, só para dar um abraço, uns beijinhos, aquelas pessoas de idade, que muitas vezes da própria família, filhos, netos, nada têm.
Se vissem o amor que elas dão, e a cara de felicidade do que de mim recebem... Vale ouro.!
Um dia, estava eu no hospital de Abrantes, com meu pai para uma consulta nas urgências, na sala de espera, onde estavam muitas pessoas, para o mesmo, mas a sala era muito pequena, tudo se encostava às paredes, as cadeiras de rodas entaladas umas com as outras, uma maca, onde estava um senhor acamado, dormindo.
As horas passavam, e lá continuávamos, até que a chegou as 19 horas, e hora do jantar. Chegou à sala uma auxiliar, a distribuir, sopa, fruta pelos utentes, mas ela era só uma, para tanta gente, os que conseguiam, comiam pelas próprias mãos, mas outros não. Dirigiu-se ao meu pai, com a tigela da sopa, mas ele, não podia comer, pois ainda ia fazer um exame, então a senhora, dirigiu-se a mim, e perguntou se a podia ajudar a dar o jantar ao senhor da maca.
Claro que sim! Disse eu. Agarrei na almofada do senhor, ajeitei a posição da cabeça, ele olhava para mim, como se disse-se, quem és tu? O senhor não falava, o AVC que lhe tinha dado, impossibilitava-o de falar, e de se movimentar. Mas uma coisa ele conhecia, a colher da sopa. Tal como se faz com os bebés, coloquei o babete, e colher de sopa na boca, ainda a colher ia no ar, já ele estava com boca aberta. Comeu sopa toda, comeu a fruta cozida, e umas colheres de um pouco de água. Limpei a boca, dei-lhe um beijo na testa e aconcheguei-o.
Um senhor, familiar de outro utente, observava o meu desempenho, e dirigiu-se a mim. -" minha senhora, eu não sei qual é a sua profissão, mas, dou-lhe os meus parabéns, parece que trabalha nisto há anos, com muito profissionalismo."
Eu sorri, e disse ao senhor, sou instrutora de condução. E adoro os idosos.
Uma outra senhora, estava sentada numa cadeira rodas, com um braço ao peito, partido? Uma perna muito dorida, da queda que deu. Talvez! Esperava ser chamada para o gabinete de ortopedia. O médico chamou pelo nome dela, mas com o braço ao peito, só com o outro não conseguia, ir a empurrar a cadeira rodas. Empregadas, auxiliares, nem vê-las. Eu bem chamei. Mas ninguém aparecia para levar a senhora, e o médico chamou duas vezes. Dirigi-me à senhora, e disse, vamos lá, avozinha, à consulta. Cheguei ao gabinete do médico, e deixei a minha avó adotada naquele instante. Muito me agradeceu ela.
Nesse dia, vim com o coração cheio, de gratidão, para com Deus.
Um dia, eu vou precisar de uma neta, que me ajude, não devo ter ninguém, mas, eu vou-me conformando, com o que me calha dia a dia.
Serei eu merecedora? Não sei.
Sei que enquanto for viva e que possa, darei tudo de mim, até a quem de mim não gosta.