Por: Ana Fonseca da Luz
Eu estou aqui...
O que nos salva, muitas vezes, é a maquilhagem…
O “blush” que nos ilumina, o rímel que nos acentua o olhar, o baton para nos encher os sorrisos que temos de mostrar, nesta ou naquela cena.
E a alma?
E o coração?
E a tristeza?
Tudo escondido, tudo camuflado…
Só à noite, quando tiramos a máscara, porque estamos sozinhas e podemos finalmente desencarnar da personagem que nos foi imposta, só à noite voltamos a ser nós. Só à noite podemos finalmente, entre um afazer e outro, sorrir, sonhar e pensar que um dia ainda vamos conseguir.
Sei que estás a ler isto agora e que sabes que é para ti…
E que essa lágrima marota, traiçoeira te aflora os olhos.
Deixa-a sair. Choramos juntas…
O que achas da minha ideia?
Não seria a primeira vez e não será a última que choramos juntas, cada qual na sua estrada, sem nunca nos encontrarmos, a não ser no mundo dos sonhos que é tão nosso e que nos obriga a emergir todos os dias, radiantes e, no entanto, cheias de lágrimas.
Mas a peça tem de continuar.
Os espectadores compraram o bilhete e querem-nos ver representar bem!
Pronto, limpa a lágrima…
Sorri!
Desempenha o teu papel o melhor que souberes.
A vida, minha amiga, é este teatro.
Não há nada a fazer…
De qualquer maneira, sabes que não estás sozinha, nunca estarás sozinha, porque, haja o que houver, eu estou aqui!
Por: Ana Graciosa
O tempo carrega em si a saudade…
Continuas a ser o local mais confortável e preferido.
Porque te quero tanto para além da razão? Apesar do mal que me fazes sentir e do frio que me causas?
Somos iguais, sabias? Quase “farinha” do mesmo saco e por isso chocamos, ludibriamos vontades e mascaramos quereres.
Não vamos em conversas fáceis e fazemos parecer o que não somos….
O que te mostrei e viste de mim! Pode ser ter sido pura ilusão… não há quem me leia, me conheça, me complete, me decifre…
Nem o meu nome sabes e, muito menos a minha história.
A vida fez com que cruzássemos caminhos e tropeçássemos na esquina do tempo, até trocar os nossos planos.
Apetecia-me um abraço daqueles que nos deixa apertados, colados e sem fôlego…
Hoje, queria aconchegar-me egoistamente… é um daqueles dias, que não me suporto a mim mesma,
Quero ser livre para saber quem sou por mim, e não o que pudesse ser por ti.
Não quero ser tua… quero ser só minha,
Porque sou de quem eu quero e não de quem me quer.
É difícil acreditar em condições adversas, dias de confusão, mentira e insegurança
Mas… devolver-te-ia cada beijo que demos, para receber um só pela última vez.
Há dias que me sinto pequenina demais , num lugar inóspito deste gigante mundo, onde se me desarruma os pensamentos e revolvem as lembranças.
Queria a realidade da verdade…
Que me mostrasses o teu lado mais negro, os teus dias de tempestade, porque te ris e, porque choras em silêncio.
Talvez nesse dia, soubesses o que jamais saberás de mim…