Plano de Segurança do Saneamento de Benavente apresentado no Congresso Mundial da Água
Estudo patrocinado pela Organização Mundial de Saúde captou a atenção de investigadores internacionais
Docentes, alunos e investigadores de vários países da Europa, Ásia, África e América, participaram esta quarta-feira na apresentação do Estudo para elaboração do Plano de Segurança de Saneamento patrocinado pela Organização Mundial de Saúde e que tem como enfoque o Sistema de Benavente.
O evento foi integrado no Congresso Mundial da Água que decorre em Lisboa até sexta-feira, 26 de setembro, e que conta com a participação de mais de 5000 pessoas de 90 países. A Águas do Ribatejo marca presença com um stand institucional e três apresentações nos trabalhos do congresso.
A jornada desta tarde contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Benavente e dezenas de investigadores. Os oradores realçaram a importância destes planos para a segurança e saúde de quem está em contato com as águas residuais, os vulgares esgotos. O estudo realizado em Benavente pela Consultora Acquawise em parceria com a Águas do Ribatejo detetou mais de uma centena de ameaças para o ambiente e para a saúde pública.
Por outro lado concluiu-se na intervenção de Ilídio Magalhães da Direção Regional de Agricultura e Pescas que as águas residuais podem ser valorizadas com o aproveitamento das lamas para valorização ambiental ou agrícola e o aproveitamento das águas tratadas, enriquecidas com Azoto total, fósforo ou potássio, para rega das culturas.
As principais ameaças apresentadas na intervenção de Margarida Sousa, coordenadora do projeto e Diretora do Gabinete de Qualidade da Águas do Ribatejo, são as descargas ilegais de efluentes perigosos, o transporte e deposição de lamas sem cumprir as regras de segurança e as obstruções nas redes de drenagens.
Kate Medicott, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou que o estudo vinca a necessidade de reforçar a prevenção para evitar as consequências das más práticas para a saúde. A OMS desenvolveu estudos semelhantes em países como a Índia, Vietname, Uganda, Ghana ou Perú.
O caso estudo de Benavente possibilita conhecer a realidade europeia, que apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, ainda tem um longo caminho a percorrer na área da segurança no saneamento.
Paula Freixial, da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) explicou que o regulador está atento e vai continuar a sensibilizar as entidades gestoras para a elaboração dos planos.
A legislação existente em Portugal é segura, mas é preciso reforçar os meios de fiscalização de todo o processo de recolha, tratamento dos esgotos e do destino final das lamas.
Recorde-se que o presidente da ERSAR defende que este projeto piloto de Benavente deve ser replicado noutros pontos do país onde se produzem 600 milhões de m3 de “esgotos” e 500 mil toneladas de lamas por ano.
Raquel Mendes, Consultora da Acquawise, responsável pelo estudo em curso, referiu que o trabalho envolve um conjunto de entidades e instituições com responsabilidade na gestão do território e na defesa dos interesses das comunidades que vão desde os ministérios da Agricultura e Ambiente até à Proteção civil, passando pela Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, o Instituto de Conservação da Natureza e o Município anfitrião.
Na apresentação das conclusões da primeira fase do estudo, Carlos Coutinho, Presidente da Câmara Municipal de Benavente congratulou-se com a escolha da vila benaventense e referiu que “este trabalho já está a ter consequências porque permitiu realçar algumas das fragilidades do sistema de tratamento que começou a ser construído há 40 anos. Aceitámos este desafio desde o primeiro momento porque acreditamos que a investigação é um investimento para o futuro e queremos aprofundar o conhecimento que temos sobre o nosso processo de tratamento de esgotos”, disse.
O Presidente da Águas do Ribatejo, Francisco Oliveira frisou a aposta que a empresa está a fazer na inovação e na investigação. “Esta empresa tem uma vertente inovadora em vários planos e acreditamos que só conhecendo a realidade dos setores onde operamos, podemos encontrar as melhores soluções”.