No ano em que se comemoram os 600 anos da Tomada de Ceuta, génese da expansão portuguesa, a Casa Pedro Álvares Cabral/Casa do Brasil apresenta a Exposição “Modos, Medos e Mitos no tempo de Cabral”, que vai estar patente a partir do dia10 de julho.
A inauguração está marcada para as 18h00 e tem início na Igreja da Graça, na data em que se assinala o regresso da armada de Vasco da Gama a Portugal, com o fundear da nau Bérrio no Tejo, a 10 de julho de 1499.
Este local é o ponto de encontro da cerimónia de inauguração e conta com um apontamento musical, a cargo de Tiago da Neta, do Conservatório de Música de Santarém, que vai interpretar músicas dos séculos XVI e XVII, assim como com uma animação histórica pelo grupo Scalabitanus e apontamento teatral, pelo Veto Teatro-Oficina, do Círculo Cultural Scalabitano.
A mostra de caráter multissensorial e experiencial vai ocupar os átrios do piso térreo, as salas de exposição, bar, biblioteca e varanda interior, bem como o auditório e jardim.
Apoiada pelo Montepio Geral – Associação Mutualista e do W Shopping, tem como objetivo fazer regressar a Casa do Brasil à sua génese, com a programação de iniciativas ligadas à temática Portugal/Brasil.
A organização está a cargo da Câmara Municipal de Santarém, e conta com objetos da reserva municipal, tais como pinturas, esculturas e livros, da Diocese de Santarém, que também cedeu alguns objetos, do espólio museológico municipal, cedências do Museu Diocesano e dos joalheiros Leitão e Irmão (réplica em prata do Nónio). Foram cedidos direitos de reprodução de imagem do Museu Nacional de Arte Antiga, Museu de S. Roque e Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Para aproveitar o potencial desta exposição, estão a ser programadas visitas guiadas, no âmbito do projeto educativo, para o público escolar, do ensino pré-primário ao superior, ateliers pedagógicos com crianças, para o público infantil: ateliers de cheiros/paladar, medos e escrita, para o público em geral, para o público juvenil, tais como: oficinas pedagógicas de relojoaria, matemática ou gastronomia.
As gentes de outras terras tanto podiam ser o “bom selvagem” como o “inimigo da Fé” a quem se combatia e escravizava.
Na sinopse de “Modos, Medos e Mitos no tempo de Cabral” pode ler-se que «“O admirável mundo novo” superava os mitos medievais insuflando novas formas de imaginário. Tempo do humanismo e tempo da inquisição, tempo de ciência e tempo da superstição entre mitos, medos e modos».
Esta iniciativa enquadra o navegador na sua época, ao mesmo tempo que explora os aspetos: económico-social, geopolítico, cultural, artístico e mental, de transformação do mundo, nos séculos XV e XVI, através de um conjunto de objetos de inegável valor histórico, patrimonial e artístico.´
Há espaços temáticos mais específicos, como o Bar, que nos convida a explorar as transformações na alimentação. Na biblioteca é abordada a “revolução tipográfica” com a invenção e divulgação da imprensa no mundo de então.
No âmbito desta Exposição, que vai estar patente durante 9 meses – até 30 de abril de 2016, há lugar para apontamentos teatrais com uma sazonalidade própria. O auditório vai receber recitais de poesia que vão abordar autores da época, bem como a continuidade do Ciclo “Conversas no Brasil”, com palestras de temática cultural diversa, relacionada com o Brasil, com temas associados à exposição: economia dos descobrimentos; a magia e a bruxaria na época moderna, entre outros, a anunciar.
Até final de 2015, já estão agendadas várias “Conversas”.
Já no dia 21 de julho (terça-feira), efeméride do regresso da armada de Pedro Álvares Cabral, pelas 21h00, o historiador José Manuel Garcia propõe o tema “De Ceuta ao Brasil: a propósito de dois homens sepultados na Igreja da Graça”.
As restantes “Conversas programadas” têm lugar ao sábado, às 16h00.
No dia 26 de setembro, Pedro Nunes, sociólogo e produtor cultural, apresenta Bossa Nova e a Transformação da Música Brasileira.
No dia 24 de outubro, o historiador Jorge Custódio, apresenta A ferraria da Foz do Alge (fins do século XVII-1834) e a fundição de ferro nos primeiros altos-fornos do Brasil.
A 21 de novembro, a “Conversa ” está a cargo de Teresa Cláudia Tavares, professora de literatura, alusiva à temática, Os almanaques luso-brasileiros no século XIX (título provisório).
José Miguel Noras, economista e historiador, é o palestrante da “Conversa” de dia 12 de dezembro, sobre as Cidades com o nome Santarém na Europa e na América .
A programação conta também com um Ciclo de Cinema Brasileiro, em parceria com a Embaixada do Brasil e o Cineclube de Santarém e propostas musicais adequadas ao espaço.
Ao longo dos meses, a programação conta com diversas iniciativas, no bar e no jardim, que vão acolher mostras gastronómicas brasileiras, em parceria com a EPVT - Escola Profissional de Vale do Tejo e a Associação Internacional Luso-Brasileira de Arte Cultura e Integração, demonstrações de dança e folclore, danças tradicionais brasileiras, tais como, capoeira e música ao ar livre.
“Modos, Medos e Mitos no tempo de Cabral” pretende relançar a problemática dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa, com especial relevo para a passagem do cabo da Boa Esperança (1487), a chegada à Índia (1498) e a descoberta do Brasil (1500), bem como contextualizar a figura de Cabral no Portugal e no Mundo dos séculos XV e XVI e refletir sobre as repercussões que os Descobrimentos tiveram na história da Humanidade, a nível económico-social, geopolítico, cultural e mental.
Pretende-se ainda incentivar o conhecimento, a descoberta, o diálogo e a participação da comunidade na história local.
A Exposição está dividida por salas e por temas, o que reflete o título da exposição.
Quando falamos de “Modos”, referimos modos de comer (alimentação), de escrever (Escrita/Imprensa), de lutar (guerra), de navegar (técnicas, instrumentos, embarcações), de representar (desenho/cartografia), de medir (pesos e medidas, relógio mecânico), de criar (arte: continuidades e ruturas; Renascença artística), de planear (banca, seguros, contabilidade), de poder (mudança de paradigma da ação do Rei), de Crer (Reforma, Contacto com novas Religiões).
Os “Medos”, refletem o medo do outro (o ameríndio, o judeu, o árabe, o hindu), da mulher (a bruxa), de Satanás, seus habitats e seus agentes (Inferno, Demónios), de superstições (pactos, possessões, magia negra), de seres marítimos mitológicos (Adamastor; a Sereia), de Heresias (Inquisição/Reforma). O Europeu como outro (na perspetiva das civilizações americanas e asiáticas).
Os “Mitos” referem-se ao Novo Mundo, à Antropofagia, ao Reino do Prestes João/Cristandades perdidas, à Demanda do Graal, do Paraíso terrestre, do Fogo de Sant’elmo, do Cruzeiro do Sul, da Tromba marítima e à Queda dos mitos – monstros mitológicos.
Visite a Casa do Brasil e descubra que na época de Pedro Álvares Cabral inventou-se a imprensa, atingiu-se por mar a Índia e encontraram-se povos diversos e um continente inteiro.