Por: Antonieta Dias (*)
As lombalgias podem surgir como consequências de roturas, que se produzem frequentemente na junção entre o tendão e o músculo. Todos os músculos podem ser lesados no decurso da prática desportiva. Estas lesões podem ser divididas a um traumatismo direto exógeno ou a um traumatismo indireto endógeno. Os traumatismos diretos resultam do choque entre jogadores, do choque contra objetos duros ou do choque contra o solo, dependendo o tipo das lesões da violência do traumatismo e do estado funcional do músculo aquando do traumatismo. A prevenção é praticamente impossível. Os traumatismos indiretos são mais específicos da atividade desportiva.
Surgem em consequência de uma solicitação do músculo resultante das suas possibilidades de contractilidade e de elasticidade. Tem como fatores favorecedores os erros técnicos ao nível do treino, do material utilizado, erros de higiene e dietéticos. Apontam-se como critérios individuais: a idade superior a 30 anos, as retrações musculo-tendinosas, os desequilíbrios agonistas-antagonistas e a fragilidade constitucional. Segundo autores R.G.Danowski e J.C.Chanussot (1999), as estatísticas são elevadas para os praticantes de judo e 505 para os praticantes de golfe.
O tratamento é conservador consistindo em repouso absoluto no leito, na administração de anti-inflamatórios não esteroides, relaxantes musculares, infiltrações e uso de cinta ortopédica. O tempo de inatividade é de 1 a 4 semanas. A cirurgia reserva-se para situações que não respondam ao tratamento médico.
A espondilólise e espondilolistese lombar atingem sobretudo L5, por vezes L4. Citando ainda os autores R.G Danowski e J.C. Chanussot (1999), a lise ístmica atinge 7% da população, podendo evoluir em 50% dos casos para a espondilolistese. Nos desportistas as lises ístmicas são 3 a 4 vezes mais frequentes que na população em geral, variando conforme as estatísticas, entre 15 a 20%. Surgem nos jovens entre os 10 e os 14 anos, que praticam desportos muito stressantes ao nível da transição lombo-sagrada (futebol, judo, ginástica artística e rugby). Na maioria dos caos é uma doença adquirida. A sintomatologia é uma lombalgia intensa, localizada na parte lombar inferior que surge no decurso da prática desportiva que pode ser mais ou menos demorada. Ao exame clinico, revela-se por uma dor eletiva ao nível da vertebra atingida.
As indicações terapêuticas são as seguintes: paragem temporária (ou definitiva) da prática desportiva, com uso de cinta ortopédica e nalguns casos correção cirúrgica (fixação intrapedicular com parafusos ou outra). As situações de stress e ansiedade muito intensa podem agravar a sintomatologia.
Radiologicamente traduz-se por uma solução de continuidade de um ou de dois istmos vertebrais. Pode ou não estar associada a uma doença de Scheuermann. As espondilolisteses surgem habitualmente ao nível de L5/S1. A prática da ginástica artística está contraindicada, bem como a profissão de professores de educação física.
(*) Doutorada em medicina