Por mais que os directores das escolas estatais queiram dedicar o seu tempo e energia à liderança educativa e pedagógica, o ministério da educação não deixa.
A estratégia do ME para impedir que os directores se concentrem na melhoria da qualidade do ensino integra o processo de revolução permanente em torno da produção legislativa contraditória e mal escrita e a colocação da gestão de carreiras do pessoal docente no centro da missão da escola.
As circulares que a DGRHE enviou, na sexta-feira, para as escolas sobre a correcção dos erros verificados no reposicionamento dos professores nos vários escalões da carreira exemplificam o que disse atrás. O ME passa o tempo a desviar as atenções dos directores e dos professores da missão essencial da escola: ensinar.
Bem pode Adalmiro Fonseca, Presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas, queixar-se de que as decisões erradas não foram tomadas pelos actuais directores e lamentar que o ME queira penalizar os directores pelos erros cometidos. Aquilo que Adalmiro Fonseca devia dizer e não diz é que as escolas estatais não podem aceitar que o Governo continue a lançar para cima delas legislação contraditória e orientações que tornam, a cada dia que passa, mais difícil concretizar a missão de ensinar.
E, caso fosse coerente e corajoso, devia apelar aos directores à opção pela resistência passiva em nome da defesa da missão para que foram eleitos: melhorar a qualidade do ensino.
A mensagem forte que este ME precisa de ouvir é a seguinte: deixem os professores ensinar e parem de desviar as atenções dos directores daquilo que é importante. Os directores não são gestores de carreiras. São líderes educacionais. As escolas existem para prestar serviços educativos às crianças e aos jovens; não é para serem palcos de experimentalismos pedagógicos inúteis nem para gerirem carreiras de professores.
“Só os medíocres não erram, só os prepotentes não agradecem”
Na antiguidade clássica, alguém construiu a frase supra mencionada, sublinhando que todos devemos ter a noção dos erros que cometemos, nunca perdendo a capacidade de agradecer o apoio que nos é concedido. É isso que deve honrar o homem.
Finda a jornada festiva de 23 e 24 do corrente em Santarém, com inegável êxito, onde foram ultrapassados todos os objectivos que nos propúnhamos atingir, é tempo de um primeiro balanço. Assim, no início julgamos ser possível juntar em Santarém cerca de 35.000 pessoas, ambição que mesmo alguns de nós consideravam exagerada. Este número foi largamente ultrapassado. O número de bilhetes vendidos ficou perto dos 40.500, mas passaram pela Monumental Celestino Graça nos 4 espectáculos cerca de 45.000 pessoas. Já quanto à petição, a razão suprema deste evento, estabelecemos como objectivo atingir as 40.000 assinaturas.
Terminamos o D o mingo com um número muito perto das 52.000, quando ainda falta apurar algumas listagens oriundas de vários pontos do país que nos foram enviadas.
Relativamente a este ponto, convém referir que todas as assinaturas que dispomos, tem no me e n.º de Bilhete de Identidade, e partiram de manifestações de vontade das pessoas que aderiram a esta causa. O evento foi realizado para esse efeito, foi anunciado e todos sabiam ao que vinham.
Cada assinatura vale efectivamente uma pessoa.
Até nisto somos diferentes daqueles que se dizem anti-taurinos. Não fo mos no passado, não vamos no presente, nem iremos no futuro, para as portas de outros eventos, tentar ali obter as assinaturas, como se passou nos dois concertos dos U2 em Coimbra, onde u m grupo de jovens no meio daquela confusão, tentava recolher assinaturas contra a festa brava. Algumas das pessoas que assinavam não faziam a mais pequena ideia do que estavam a fazer. Não criticamos, mas apenas refiro que nós os aficionados somos diferentes.
É pois o momento de honrar a frase com que iniciei estas linhas; pedir desculpa pelos erros de organização, que os houve, e mais importante, agradecer a todos. Desde logo aos aficionados
que vindos de todo o país quiseram dizer presente. Foi u ma extraordinária manifestação da mais pura “aficion”. Sentia-se alma taurina na Celestino Graça. Todos responderam ao nosso apelo.
Apenas muito obrigado.
Um obrigado enorme também a todos os cavaleiros, matadores, novilheiros, forcados, bandarilheiros e a todos os ganadeiros que graciosamente nos ajudaram a construir estes dois dias de festa. Sem a sua ajuda, o seu profissionalismo, o seu talento, nada disto tinha sido possível.
O brigado também a todos os que manifestaram vontade de estar presentes e aos quais não pudemos satisfazer essa pretensão. Havia toureiros e novilhos para mais corridas, mas era impossível.
Obrigado a todos os autarcas, de todos os quadrantes políticos e ao actual Secretário de Estado da Cultura, que vieram a Santarém mostrar a sua aficion, e que o fizeram de for ma clara, dando a cara, mostrando a todos que ninguém tem motivos para ter vergonha de ser aficionado, antes deve sentir orgulho por essa sua condição.
U m obrigado especial ao João Pedro Bolota. Não o conhecia, nunca tinha falado com ele, nunca tínhamos partilhado o mesmo espaço. De início era apenas o empresário da Celestino Graça e por isso parceiro natural e obrigatório. Não era possível deixá-lo de fora. Depois tornou-se mais do que isso. Ofereceu-nos a sua “máquina” e os serviços da sua empresa, sem pedir absolutamente nada em troca. Diga-se que também não tínhamos nada para lhe dar. Tenho hoje a consciência que foi imprescindível, que sem a sua ajuda tudo teria sido muito mais difícil, talvez até impossível de ter sido realizado. Se a nós nos coube a estratégia, a ele coube a execução. O sucesso da iniciativa é também dele. U m grande abraço.
U m obrigado enorme também à comunicação social, principalmente às rádios locais que passam nas suas emissões programas de tauromaquia, aos “sites” especializados, à imprensa escrita, às revistas especializadas, às televisões pelo apoio incondicional. Gostava de os mencionar um a um, mas existiria o perigo de deixar alguém de fora, e isso não seria justo, pelo apoio que de todos sentimos.
Não vou falar das coisas negativas. Essas não contam, não são importantes, não podem ser importantes. O que temos de sublinhar é o espírito que saiu de Santarém e que não se pode perder. Provámos que juntos somos fortes, e que não existe movimento, associação, grupo excursionista, partido político, seja lá o que for que nos possa derrotar. M as que fique claro; apenas ganhamos uma batalha. Se o espírito de Santarém sobreviver, se nos mantivermos unidos, ganharemos a guerra, esta e outras que apareçam.
Para que isso aconteça, temos de rapidamente acabar com a pequena intriga, com a pequena maledicência, enfim, temos de derrotar a frase que constantemente ouvi mos “que os maiores inimigos da festa estão dentro dela”. Se conseguir mos isso, e de seguida nos centrarmos nos reais problemas da festa, então muito dificilmente voltaremos a passar pelo que estamos a
passar actualmente.
Por fim, para os críticos do costume, para os profissionais da critica, aqueles que nunca acham nada bem feito, que nunca vem mérito em coisa alguma, mas que também nunca nada fizeram, deixo uma frase de um antigo presidente dos Estados Unidos: “Não critiquem; façam qualquer coisa! “ Sendo que é sempre mais fácil criticar do que construir algo.
Um grande obrigado a todos!
Carlos Anjos
Porta-voz dos Peticionários.
Comissão Política do PSD Cartaxo, reunida a 29 de Outubro de 2010, entendeu emitir o seguinte:
COMUNICADO
“HÁ 15 ANOS QUE A NERSANT COOPERA COM A CÂMARA MUNICIPAL DO CARTAXO, MAS INFELIZMENTE TODOS TEMOS QUE RECONHECER QUE O CONCELHO DO CARTAXO NÃO PROGREDIU MUITO. NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO EM EMPRESAS E ESSA COMPONENTE TEM FALHADO NESTE CONCELHO!”
(JOSÉ EDUARDO CARVALHO, Presidente da NERSANT A.E., na inauguração da ExpoCartaxo 2010)
O Partido Social Democrata do Cartaxo regista com particular satisfação que o Presidente da NERSANT - Associação Empresarial da Região de Santarém junte a sua voz àqueles que, desde há longa data, vêm denunciado a pobre gestão da Câmara Municipal do Cartaxo e que, com coragem, tornam publica a sua desilusão com a incapacidade da autarquia para a criação de condições de instalação de empresas neste concelho.
O PSD-Cartaxo sempre defendeu o desenvolvimento empresarial do concelho. Mesmo quando em anteriores revisões do Plano Director Municipal fez propostas que visavam essa prioridade mas que o PS-local e a maioria socialista que governa o Município rejeitou e chumbou ao longo dos últimos 15 anos.
Basta recordar a última campanha eleitoral autárquica, onde o PSD e o candidato Paulo Neves, hoje vereador, colocaram esta questão como prioridade efectiva do seu mandato, como é verificável no programa de governo autárquico então apresentado.
O Dr. José Eduardo Carvalho é um importante dirigente associativo regional, prestigiado, com uma experiência de 15 anos e com ligações afectivas à terra que o viu nascer. É um conhecedor das diferentes dinâmicas sociais e empresariais do concelho do Cartaxo. O seu empenho nos projectos locais levou-o inclusivamente a emprestar o seu apoio à candidatura de Paulo Caldas a Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo.
Por isso, as suas palavras, na inauguração da ExpoCartaxo 2010, têm um significado especial e singular.
José Eduardo Carvalho, lamentou não existir consenso politico, falou em conflito entre as forças partidárias para justificar o fracasso da política de desenvolvimento empresarial no Cartaxo, dando como exemplo o recente Plano de Pormenor do ValleyParque. Referiu directamente, em declarações à comunicação social, os eleitos locais. E aqui, neste ponto, a nossa posição precisa de ser explicada ao Senhor Presidente da NERSANT A.E., pois trata-se de uma conclusão completamente despropositada e desenquadrada daquilo que é a realidade dos factos.
O PSD Cartaxo não precisa de recordar ao Senhor Presidente da NERSANT A.E. que desde que há eleições autárquicas neste concelho (35 anos), o PS foi sempre, ininterruptamente, o partido politico vencedor. No caso concreto dos últimos 15 anos, o PS deteve sempre maiorias absolutas na condução dos destinos municipais do Cartaxo. O que equivale a dizer, e situando-nos como ele sugere, nos últimos 15 anos, que a responsabilidade efectiva da direcção da politica de desenvolvimento empresarial do concelho do Cartaxo esteve sempre e só nas mãos do Partido Socialista!
Não foi, portanto, por falta de força política, por falta de consensos ou por causa de qualquer conflito partidário que o sucesso de uma estratégia empresarial para o concelho não foi conseguido. Foi, e continua a ser, uma responsabilidade governativa que coube a uma única força partidária, a estes eleitos locais do PS, que jamais se poderão queixar ou sequer reclamar de qualquer ausência de maioria política necessária para fazer passar o seu programa e as suas orientações.
O PSD Cartaxo sempre soube dar total prioridade ao desenvolvimento empresarial do Cartaxo. Provou-o nos seus programas e prova-o sempre nos contributos positivos que dá, nomeadamente, nas reuniões de Câmara e nas Assembleias Municipais em que legitimamente participa. As Actas das reuniões do Executivo Municipal e da Assembleia Municipal podem atestar esse comportamento e o Dr. José Eduardo Carvalho facilmente as pode obter.
Todavia, o PSD Cartaxo não pode é fugir àquilo que são os procedimentos de legalidade. Ao longo dos últimos 8 anos e no decorrer de dois mandatos autárquicos, todos os Vereadores que fizeram parte de executivos municipais liderados por Paulo Caldas foram fustigados com Inspecções, Auditorias e pagamento de coimas. Uma parte substancial dessas notícias é conhecida da opinião pública.
Uma das principais razões para que hoje em dia o Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo não seja confiável politicamente resulta do incumprimento sistemático de obrigações legais, da ultrapassagem legal de procedimentos administrativos, em suma, de expedientes que colocaram sempre em causa o bom nome dos autarcas eleitos, e em particular daqueles que representam o PSD. Ora, a confiabilidade política é um bem precioso e escasso. E o Dr. José Eduardo Carvalho reconhecerá que Paulo Caldas neste aspecto tem mais notícias “abonatórias” do que qualquer outro autarca da região. As televisões nacionais são boas fontes de pesquisa…
Por isso, como é público, na deliberação do Plano de Pormenos do ValleyParque, os vereadores do PSD, bem como os seus eleitos na Assembleia Municipal, exigiram como se espera do bom desempenho do seu mandato, que o executivo municipal não omitisse - como fez – documentos essenciais para a tomada de decisões. As declarações de voto que estão documentadas e que foram conhecidas oportunamente, sempre mostraram o firme desejo do PSD Cartaxo para que as zonas empresariais sejam uma realidade a muito curto prazo! Tal constituirá um motor de progresso que poderá alavancar o emprego neste concelho, a fixação de quadros e um futuro mais promissor para os nossos jovens.
Na política não vale tudo, há limites. E esses limites são simples de realçar como já o dissemos acima: se não há desenvolvimento empresarial no Cartaxo, se as zonas empresariais não são já uma realidade, foi porque o PS, o Dr. Paulo Caldas e os outros eleitos locais com responsabilidades governativas no concelho não o quiseram!
A Comissão Política do PSD Cartaxo,
Por: Pedro Miguel Gaspar
Entre os políticos e as outras pessoas sempre houve uma fenda separatista. A política sempre teve o seu cordão umbilical ligado a um elitismo de castas sociais.
Iremos por partes. Para alguém menos atento, a política não partilhou o berçário da democracia. Foi, antes, vê-la nascer como um dono que ajuda a parir mais um burro de carga onde se irá montar depois de tantos outros burros mortos de cansaço. Tinham morrido ou prestes a serem abatidos, entre tantos outros, os sistemas imperiais, os eclesiásticos, os monárquicos e os ditatoriais. Mortos uns, nados outros. Tão simples como a vida em si.
Mas a política é tão eterna quanto a existência humana porque com ela partilha uma essência que é transversal a ambos, o poder. E o poder, afrodisíaco ancestral, atrai homens e mulheres que, ao se entregarem às regras do jogo do momento, se tornam políticos. E tem sido a preservação deste “bem”, o poder bem entendido, o causador de guerras, disputas, causas fracturantes, doutrinas, revoluções e convulsões.
As intestinas disputas pelo poder tiveram, no entanto, um factor comum. Os que tiveram acesso a esse poder e os outros. De facto, não luta pelo poder ou o detém quem quer, mas quem pode (a própria palavra dá corpo ao argumento). E quem sempre pôde foi quem sempre teve acesso ao conhecimento e à informação antes dos demais.
Foi assim com Reis (veja-se como a informação antecipada nos favoreceu no Tratado de Tordesilhas), com os Eclesiásticos que criaram o Confessionário para terem informação privilegiada e controlarem as comunidades até aos dias de Salazar que criou a PIDE que, muito mais que reprimir, tinha como missão recolher informação.
Emprenhou-se a mente humana de dogmas e doutrinas a iluminar a justiça social e a revestir a igualdade entre todos de uma aura inigualável na Historia do Homem e deu-se à luz a Democracia. Mas a natureza humana é incontornável. Cedo se definiram esquemas para que o efeito fosse o inverso. Como impedir, então, que o Homem comum tivesse acesso ao Poder e às elites e vice-versa?
Lembro-me do meu avô me contar que os Mestres de profissões trabalhavam de costas para os aprendizes para que estes não aprendessem. Curiosa relação. Mas não estranha. Quando mais cedo tivessem aquela informação, aquele saber da profissão, mais cedo os Mestres correriam o perigo de deixarem de ser…Mestres.
Na política fez-se e faz-se o mesmo. Separa-se o povo inculto dos brilhantes académicos criando uma fenda separatista que tem implícita a segregação entre capazes e incapazes. Entre os dirigentes e os outros.
Hoje, no entanto, o acesso à informação é brutal e o contágio de uma simples mensagem no Facebook pode correr mundo e inverter, em meia dúzia de horas, um dogma ou uma corrente de pensamento. Vão caindo mitos e as causas sociais que criaram as esquerdas e as direitas só já têm sentido no cofre-forte dos Partidos Políticos Tradicionais.
Os Partidos através dos seus dirigentes, sem sustentação nas causas do passado, lidam com uma realidade diferente e terão, a bem da sua própria sobrevivência de se reinventar. Já não servem apenas os títulos académicos, os berços familiares e os berços comprados.
A proliferação de movimentos, lista de independentes, grupos de pensadores e até o agonizante sinal de uma abstenção galopante já deveriam ter sido sinais de alarme de sobra para uma convergência com a sociedade actual.
Porque, em resumo, de nada serve um general sem tropas e os líderes do futuro (amanhã já será tarde) serão aqueles que se mostrem capazes de um senso social e de aproximação emocional com a comunidade, que a compreendam genuinamente para que a sintam. Só assim terão as competências para a representar, independentemente de serem doutores ou cavadores.
A estes homens será, não dado como até hoje, mas reconhecido o poder
Por: Anabela Melão
Intervalada a novela do Orçamento de Estado, esquecendo o caricaturismo de algumas cenas que ficarão lembradas na forma de fazer política em Portugal (ir a casa de um dos protagonistas, a fotografia saída do telemóvel de um deles, numa inédita “privatização” da vida pública), achei interessante partilhar convosco uma certeza: se nós andámos baralhados com as jogadas fará os de “fora”. Refiro-me à imprensa internacional que põe em evidência o ressurgimento de tensões durante a apresentação do acordo no Orçamento para 2011.
O Wall Street Journal afirma que o entendimento "após controversas semanas de intensas negociações" se deveu às cedências de ambas as partes a fim de se evitar uma crise financeira e política, destaca as críticas de Teixeira dos Santos relativamente às exigências do PSD e as repercussões orçamentais decorrentes das mesmas. E acaba por concluir que a solução foi a possível já que o chumbo do OE poderia levar à queda do Governo e a uma crise que muito provavelmente obrigaria Portugal a "seguir o exemplo da Grécia", pedindo ajuda à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional.
O Financial Times retira a mesma conclusão e é assim que justifica o acordo após "várias semanas de tensas negociações", embora acresça que a tensão ressurgiu no sábado, depois da cerimonia de assinatura do protocolo ser cancelada à última hora e de se ter optado por declarações separadas, realçando que o ministro das Finanças "criticou o PSD por não apresentar propostas adicionais de cortes na despesa para compensar a perda de receitas" resultantes das medidas de que fez condicionar o acordo.
"Portugal evitou um possível colapso do Governo após os dois principais partidos terminarem no sábado um mês de impasse quanto ao orçamento do próximo ano", titula o New York Times, destacando o facto de José Sócrates ter ameaçado com a demissão várias vezes, na eventualidade da não aprovação do OE na Assembleia da República, concluindo que o acordo irá forçar o Governo a encontrar soluções alternativas para atingir a meta do défice.
A agência financeira Reuters salienta também que o acordo visou evitar uma crise política e financeira e qualifica Portugal como um dos membros da zona euro mais frágeis financeiramente, após um impasse que "ameaçou deixar o país paralisado", não deixando de concluir, como os demais, que a inexistência de um acordo "poderia obrigar o Governo a procurar um apoio financeiro nos seus parceiros europeus, como a Grécia fez no ano passado”.
Seria de pensar que, no plano internacional, os comentadores, os economistas e os politólogos, com a assinatura do acordo, tivessem sossegado os mercados e os parceiros internacionais. Mas segundo Nouriel Roubini (o economista que previu a última crise financeira), Portugal e a Irlanda acabarão por ter o mesmo destino da Grécia. "Apesar do plano de resgate anunciado, apesar das ajudas à Grécia e apesar dos testes de resistência à banca, as dívidas dos países periféricos continuam a apresentar problemas. E o crescimento económico na Europa, especialmente nos PIGS, vai ser muito baixo e inclusivamente negativo. O panorama assusta", afirmou entrevista ao ‘El País'. E afirma que "com dívidas tão altas e com os planos de austeridade, a deflação é um risco sério", antecipando que "países como a Grécia vão ter que reestruturar a sua dívida e isso provocará uma nova crise orçamental" e que esta "já não é uma questão se vai acontecer, mas apenas quando". Concluindo, aponta o dedo, dando-os como culpados da difícil situação dos países periféricos, o Banco Central Europeu (BCE) e a Alemanha. "A teimosia do BCE, que se empenha em ver fantasmas de inflação, é um desastre para a Europa e em particular para os países periféricos", disse. E avisa "quando o euro atingir os 1,60 dólares desaparecerá qualquer possibilidade de recuperação, e provavelmente veremos outro país a pedir um resgate como fez a Grécia. Portugal e Irlanda são os países pior situados". Já Espanha, refere, "está muito melhor que a Grécia, e melhor que a Irlanda ou Portugal", apesar de que "tem uma dívida privada enorme, um desemprego muito elevado que não vai baixar no médio prazo e uma bolha imobiliária".
Por cá ficámos com a ideia de que o risco de nos vermos governados pelo FMI desapareceu com a aprovação do Orçamento. Por lá, ficaram com a ideia de que apenas conseguimos adiar o inevitável. No entretanto, resta-nos “conquistar Portugal”. É chegada a altura de, plagiando John F. Kennedy, cada português apontar para si mesmo e para o outro e dizer " Não perguntes o que o teu País pode fazer por ti, mas sim o que tu podes fazer pelo teu Pais"?
Aconselhamento técnico na área da silvicultura: escolha das espécies, técnicas de mobilização dos solos e plantações, identificação de pragas e doenças e respectivos tratamentos, entre outros;
Esclarecimentos sobre as ajudas comunitárias existentes para realização de limpezas e plantações florestais. Este serviço de apoio ao proprietário florestal irá funcionar a partir de 21 de Outubro de 2010 no Gabinete de Apoio aos Agricultores, no Centro de Negócios, 2º piso, às quintas e às terças-feiras sob marcação, das 9:00 às 18:00 com interrupção das 13:00 às 14:00.
Por: Anabela Melão
Podia começar por falar do simples facto de, abrindo novos caminhos à História e aos precursores do feminismo, contando com o voto de mais de 55 milhões de brasileiros (56%), Dilma Vana Rousseff, aos 62 anos, se tornar a primeira mulher presidente. Nem os USA chegaram ainda tão longe e nem o tentaram tãopouco. É um facto político marcante. Mas prefiro falar do estilo de política que se faz no Brasil. Em certa medida, sabe-se que é uma cópia do marketing político americano “com as devidas adaptações”. Ouvimos Dilma, com um discurso passional, emocional, apelando ao coração dos votantes e prometendo-lhes algo mais ou menos próximo da “felicidade”.
E não posso deixar de constatar que os nossos políticos, espelhando o que nos vai na alma, fazem os possíveis por parecer tristes, desesperançados, nostálgicos. Até aí, compreende-se. E, naturalmente, não fazem grande esforço. (O riso pode prejudicar, e muito, uma carreira em Portugal.) Não arriscam sair do perfil cinzento, apagado, acabrunhado, macambúzio, porque foi sempre esse o retrato da classe dirigente no nosso País. Deve até ser a primeira coisa que os mentores ensinam aos pupilos: o dress-code e – quando muito se a situação o exigir – um sorriso, mas leve, esboçado – rir, nunca. Pode até ser a morte do artista. Com a mania da perseguição muitos dirão que parece que se ri deles e nem põem a hipótese de um riso ser mesmo apenas isso: rir com e não rir de.
Ora, depois do discurso de Cavaco Silva, sobre o qual já se disse tudo, entristeceu-me aquela parte em que diz que não dá ilusões aos portugueses – numa alusão clara a Manuel Alegre, já que dar sonhos é coisa de poeta e não de economista. Nesse tal perfil, Cavaco bate os pontos. Aquele não era um discurso para dar vida a um povo, era um elogio fúnebre. E aquele ênfase no “eu” e no “eu fiz”, dá mesmo a ideia de alguém que tenta, mesmo que à força, justificar o seu papel e dar-lhe a maior importância possível.
Cada vez se percebe mais que o grande defeito apontado a Manuel Alegre, para além de ser poeta, é ser um homem comum. Que se entristece e preocupa. Mas que nos transmite força, espírito de combate e resistência, e esperança. E que ri como “normal” que é.
E é, sobretudo, o facto de este ser um político que arrisca a normalidade sem se dar ares nem se ajustar ao perfil, que tem inquietudes, que tem génio, que tem temperamento, que incomoda imenso determinadas hostes de políticos profissionais que, não tendo a menor graça por qualidade nata, ou tendo-a arrumaram-na a bem das suas carreiras, se vêm agora confrontados com um novo paradigma de liderança que pode deitar por terra anos de cinzentismo e de ares carrancudos e de maus modos ou de modos comedidos, consoante os casos.
Num país em que tudo puxa esta tendência nacional para a lamúria e desgraça, a antevisão do que podem ser os próximos cinco anos com Cavaco Silva na Presidência arranca-me da alma um suspiro que mais parece um fado – e fado não é algo para se ouvir a qualquer hora, nem em qualquer momento.
Aquela “conversa em família” de Cavaco Silva mostrou um homem ainda mais cinzento que o costume, ainda mais sério que o costume, ainda mais enfadonho que o costume, na convicção de que os portugueses – dados à nostalgia e uma certa forma de melancolia – num momento como este, ainda apreciariam melhor aquelas (in)qualidades.
Por mim falo, ter como Presidente alguém que me coloca perante um cenário de terror – e até de temor: onde estaríamos sem os seus avisos? – é a última coisa que ver concretizar-se.
Já que, como povo, não estaremos ainda preparados nem para ter uma mulher na Presidência e muito menos alguém que ri, faz humor, e se emociona, façam-me um favor: mostrem que, ao menos, estamos preparados para ter um homem que é igual a todos nós. Sem se dar ares e estando-se nas tintas para o dito perfil. Que ria e que chore. Um Presidente-estátua – ainda ontem Marcelo Rebelo de Sousa dizia que Cavaco era a única variante previsível na conjuntura nacional (os homens “normais” são previsíveis? – consta que não) – é que não. Que dessas está o País cheio e que se saiba são feitas de pedra e não têm sítio reservado para o bater do coração. Estátuas é que não! Façam-me o favor!