Por: Catarina Betes
Mães
Todos nascemos de alguém. Fomos criados, acarinhados, protegidos e amados por alguém. Nem sempre a mãe é quem dá à luz. Muitas vezes a mãe é uma avó, uma tia, uma vizinha, alguém que acolhe no seu colo, que alimenta e ama, como qualquer mãe que tenha parido. Por vezes ama até mais. Porque parir nem sempre é sinónimo de amar.
Ao longo dos anos, tenho conhecido diferentes tipos de mãe. A mãe que carregou no seu ventre o filho que mais tarde, por algum motivo, deixou para trás, a mãe que pariu filho e o protege e ama incondicionalmente, a tia que é mãe e que ama e cuida como se tivesse parido, a mãe que é uma vizinha que de repente passou a ser “tia” e cria com esforço, alma e dedicação. A mãe que é a avó, que entre o peso e as complicações da idade, encontra espaço nos seus dias mais difíceis, para ir receber os registos escolares da neta, à escola. E outras tantas.
Continuo a conhecer pessoas surpreendentes, que me fazem emocionar e admirar a maravilhosa capacidade do ser humano, de amar.
Gente que cria os filhos com determinação, que enfrenta dificuldades que relativiza e simplifica, pelo bem maior de educar, gente que se multiplica em trabalhos e chega diariamente tarde a casa, mas ainda assim, não se senta à mesa, sem antes beijar os filhos. Porque para se ser mãe deveria ser obrigatório saber amar o “outro”. Sempre achei estranhas as pessoas que só acham graça aos seus. Pessoas que se cruzam com os filhos dos outros e agem como se nem os vissem. Para se ser mãe, deveria ser obrigatória a educação das sensibilidades. Todas as crianças merecem um olhar mais atento, porque são os seres mais espetaculares do mundo e carregam o futuro nas mãos. Um futuro determinado pela influência que cada um de nós vai deixando em cada uma delas. Uma criança que não é ensinada a “ver” o outro, mas olhar apenas para si própria, está condenada a um crescimento superficial, longe da educação das emoções.
Com a aproximação do dia da mãe, recordo sempre as mães com quem cresci. A minha mãe, que foi uma mulher fora do tempo em que nasceu. Uma mulher destemida, que me deixou a vontade de traçar o meu próprio caminho, não sem medos, mas com determinação suficiente para aceitar não só as vitórias, como as derrotas em igual medida, consciente da sua inevitabilidade. As minhas avós, que viveram num tempo em que não havia tempo para “mimar” os filhos, mas tempo suficiente para que cada um crescesse a saber o valor de ter uma mãe. Tempo suficiente para aprender a não abandonar os seus na velhice, mas a cuidar, com o mesmo amor, que um dia se recebeu. Parir é simples. Ser mãe também. Exige um único requisito: Amar.