Por: Catarina Betes
Qual é o proveito que vais dar à tua viagem?
Comecemos pelo início.
Pomos as crianças na escola e uma das primeiras coisas que ela ouve é: - Não te podes divertir enquanto aprendes. Deixa a diversão para a hora do recreio!
O facto é que enquadrar essa razão, é o primeiro passo, para, quando se chegar à idade adulta, aceitar o trabalho como um sacrifício, não como um prazer.
Por que raio de razão, uma criança não se pode divertir, enquanto aprende? Aprender não deveria ser um prazer? Não lhes estaremos a dizer que não é preciso gostar do que se faz?
É preciso gostar! Desesperadamente!
Ensinamo-los a viver apenas nas horas vagas. Nos intervalos.
Por isso vemos as pessoas loucas pela chegada da sexta-feira e em depressão na segunda-feira.
Porque aceitam o trabalho como um sacrifício.
É essa aceitação que alguns, os chamados “loucos”, eliminam.
Decidem trabalhar no que adoram, fazer o que gostam, independentemente de ganhar muito ou ganhar pouco.
O maior problema do mundo é a falta de consciência.
Consciência em relação à realidade. Consciência de que grande parte da estrutura social que nos apresentam é falsa, é mentirosa, é hipócrita. Consciência de que a vida que vamos viver não precisa ser medíocre, triste ou angustiante.
Pode ser solidária, pode ser uma vida que nos realize.
Se nos apoderarmos da nossa consciência, não nos deixamos escravizar pelo que é suposto ser ou fazer.
Perceber que muito do que nos incutem é falso. Que muito do que nos apresentam, está invertido.
Tomar consciência é parar de se deixar enganar. É ver.
Todos queremos encontrar saídas. Mas não há saídas, há caminho.
E ver a realidade é o primeiro passo desse caminho, antes de se decidir o que se quer fazer.
A sociedade humana ainda não é humana. Está a ensaiar para ser.
Há que eliminar a ânsia de ver o mundo evoluir, porque não vamos ver um mundo evoluído. Não no nosso tempo.
Mas podemos ver o mundo evoluindo.
Se sonharmos com um mundo perfeito, morreremos desiludidos.
Mas se nos contentarmos em trabalhar no aperfeiçoamento do mesmo, viveremos a vida com mais satisfação, sabendo que não vamos colher esses frutos, mas conscientes de que os plantámos.
E essa consciência basta.
Para satisfazer uma vida.