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Por: Catarina Betes
08“Foi inesquecível…venho muito mais do que fui”
Há uns dias li esta frase, que me remexeu por dentro.
Recordou-me as minhas viagens a Taizé, num autocarro cheio de miúdos barulhentos. Dezoito horas sem esticar as pernas, com dois intervalos de dez minutos, no máximo.
Uma viagem cansativa, mas cujo cansaço fazia parte do caminho. Da busca.
Chegada lá, era-me entregue um cartão para as refeições e o número do quarto onde assumia a posse de um pequeno beliche, durante oito noites. E esse beliche era tudo o que precisava. Tudo o que chegava, quando ao fim do dia me deitava nele e fechava os olhos.
Os mais chegados perguntavam-me sempre: Vais de novo para França? Por que não vais conhecer outro lugar?
Nunca perceberam que o que eu procurava na colina mágica não era um lugar novo, mas a paz, que lá era possível sentir. Porque voltava sempre mais do que tinha ido.
Cada um busca o que lhe falta. E a minha busca, a principal de todas, foi sempre a interior.
Recordou-me também a minha escolha profissional, a Educação Física. Quem me conhecia bem, nunca o entendeu. Era como se fosse uma escolha menor, aos olhos alheios. Exceto aos meus.
A Educação Física sempre me preencheu. Talvez porque o desenvolvimento do nosso potencial sempre me aliciou. Sempre que ultrapassava os meus limites, sentia-me maior. E a força que concentrava nesses obstáculos, era a mesma que me fazia avançar, como pessoa e profissional.
É a mesma força a que recorro hoje, quando me sinto cair. A que me equilibra e permite dar sempre mais e melhor.
E passá-la aos outros.
Estar sozinho faz parte do caminho.
A tal solitude, a solidão que procuramos sozinhos, tão indispensável ao autoconhecimento.
Perceber quem somos e até onde podemos ir.
Nem sempre somos compreendidos nessa viagem.
Mas também, ninguém consegue compreender os outros, se não se compreender a si mesmo.
Como alguém disse:
“…venho muito mais do que fui.”