Por: Catarina Betes
Em semana de regresso às aulas em tempos de Covid, deixo aqui uma pequena reflexão.
As escolas não estavam preparadas para este novo paradigma. Mesmo antes desta transformação, os constrangimentos e fragilidades já existiam
A sociedade não estava preparada, por que estaria a escola?
No entanto, adaptaram-se e reabriram. Com o melhor que cada um tem para dar.
Desinfetantes nas salas, sinaléticas em todos os espaços e uma mão cheia de esforço e vontade da parte de todos os que fazem destes corredores mais que um trajeto, mas um caminho de vida.
Perfeições? Não existem!
Erros? Muitos!
Da parte das famílias uma preocupação constante, como seria esperável.
Ninguém dentro de uma escola, vive nem é sozinho.
Todos têm famílias, que querem e precisam proteger.
Tudo o que é novo assusta, mas o apelo à calma é imprescindível.
O distanciamento está longe de ser o ideal, mas é o que é possível fazer.
Como alternativa, todos poderíamos ficar em casa, mas, efetivamente longe, do que é considerado “viver”.
Ensinar aos mais novos os comportamentos a evitar é imprescindível, o respeito, o cumprimento de regras. Mas sem lhes retirar a liberdade de ser, crescer e existir.
Enchermos as entradas e espaços circundantes das escolas na hora das entradas das saídas não é de todo um exemplo. Todos falhamos, mas vale a pena refletir.
Preocupação é uma coisa, intolerância é outra.
Preocupar-nos com os nossos, desvalorizando a importância dos outros, é como a formiga rabiga, que apenas vê a sua própria barriga.
Uma coisa é preocupação. Todos a sentimos.
Mas estar do lado de fora da escola de telemóvel em punho, à espera que as crianças saiam, à chuva, para filmar e criticar…será um exemplo de comportamento a seguir?
O tempo que se levou na espera de filmar o momento perfeito, podia ter servido para tocar a campainha da escola e entregar um chapéu de chuva.
Não existem soluções perfeitas. As escolas estão longe de as deter.
Descentralizaram-se as entradas e saídas para evitar os aglomerados, há saídas mais longas, outras mais curtas, mas se assim não fosse, seria preferível?
Dúvidas e mais dúvidas.
Não existem telheiros suficientes, já antes não existiam, preferimos que os nossos filhos fiquem em casa?
Se este fosse um caminho fácil, todos o poderíamos tranquilamente andar.
Mas não, é difícil.
As escolas têm imensas lacunas, mas os seus pátios encheram-se novamente de vida. Os alunos voltaram a encher os espaços, a medo, mas estão lá, cheios de vontade de continuar.
Não lhes tiremos o tapete. Precisam de sentir novamente os pés assentes no chão e caminhar, embora a passo lento.
Precisam de acreditar que os espera um futuro. Que algo melhor lhes está reservado.
E se não contarem com a escola e com a família, na simbiose destas, para lhes garantir um mínimo de tranquilidade, com o que poderão contar?
O facto, é que a perfeição é uma montanha impossível de escalar.
Foquemo-nos no essencial, subindo um pouco a cada dia.