Por: Antonieta Dias (*)
No nosso organismo existem quatro glândulas endócrinas que se alojam atrás da glândula tiróide. Nalguns casos podem existir seis ou até oito pares.
As glândulas paratiroides são caracterizadas por quatro pequenas formações ovais ou arredondadas, com um peso total de 25 a 40 gramas, com poucos milímetros de diâmetro e têm uma cor amarela.
Podemos mesmo afirmar que são os órgãos mais pequenos que temos no nosso corpo.
Existe uma complementaridade fisiológica entre as glândulas paratireoides e glândula tiroide, sendo a sua relação tão íntima que impossibilita a sua separação funcional.
Assim a paratormona (PTH) é responsável pelo controlo dos níveis de cálcio no sangue, associada à calcitonina que é produzida na glândula tiróide e à vitamina D.
É a paratormona que estimula a reabsorção do cálcio filtrado nos vasos sanguíneos, levando à diminuição urinária de cálcio, elevando assim os níveis deste mineral no sangue e contribuindo desta forma para a diminuição da reabsorção do fósforo, mantendo estáveis os níveis adequados destes elementos no organismo.
Por sua vez a paratormona é ainda responsável pela absorção do cálcio no tubo digestivo, proveniente dos alimentos que se ingerem diariamente, doseando os níveis plasmáticos, sem contudo esquecer o papel da vitamina D, cuja preponderância é vital no equilíbrio orgânico.
A função destas glândulas é produzir uma hormona designada por paratormona, que regula a concentração de cálcio e fósforo no sangue e que ao entrar na corrente sanguínea produz um efeito sobre um ou vários órgãos do organismo, tornando-se imprescindível para o bom desenvolvimento do equilíbrio biológico do indivíduo.
Sempre que avaliamos um doente não podemos esquecer o componente hormonal, nem menosprezar a presença de sintomas como fadiga ou perturbações do humor que podem significar um sinal direto importante na deteção de um distúrbio endócrino que exige ser investigado.
Certo é que nalguns casos somos confrontados com um único sintoma de desregulação das pararatiroides que se traduz numa fadiga física ou psicológica, que se pode vir a agravar-se durante o dia, e que não raras vezes é interpretada como uma situação de stress ou de esgotamento psicológico, não a imputando à responsabilidade hormonal.
Porém a paratormona é uma substância produzida por estas glândulas, sendo libertada, lançada na via sanguínea indo depois atuar nos vários órgãos ou tecidos.
O diagnóstico destes distúrbios hormonais são determinados através de uma simples análise sanguínea que nos revela as concentrações hormonais e nos permite concluir com certeza a etiologia das perturbações existentes no indivíduo orientado - nos então para o tratamento adequado desta complexa patologia.
Por outro lado a calcitonina que é uma hormona produzida pelas células parafoliculares da tiróide, exerce um efeito antagónico da paratormona, tendo como principal função a diminuição dos níveis sanguíneos de cálcio, sendo a sua ação principal inibir a libertação de cálcio.
Cumpre ainda relembrar que uma boa parte do cálcio existente no organismo está depositado no esqueleto, bem como o fósforo, contribuindo ambos para determinar a dureza dos ossos cabendo - lhe a responsabilidade na manutenção da densidade óssea, diminuído assim a vulnerabilidade para a ocorrência das fraturas, tão frequentes nos idosos que pela sua gravidade podem determinar a perda de autonomia pela incapacidade de recuperação integral da funcionalidade do órgão atingido.
Uma simples fratura pode desencadear uma disfunção familiar pelo facto de limitar a família ou até impedi-la se ser o principal cuidador na recuperação e no acompanhamento da pessoa lesionada, obrigando muitas vezes à institucionalização do doente com todos os efeitos nefastos de uma adaptabilidade institucional, ambiental e funcional por vezes de difícil resolução e nalguns casos acaba é até impossível de conseguir.
Em suma, o papel preponderante do funcionamento hormonal harmonioso das glândulas paratiteoides e da glândula tiroide, tem de ser entendido como um pilar importante na prevenção da osteopenia e osteoporose, sendo essencial para a recuperação funcional do indivíduo osteoporótico.
Importa,ainda referir que o exercício físico deve ser aconselhado e interpretado como um dos principais recuperadores da manutenção bio - orgânica do indivíduo.
Cabe assim ao médico motivar os seus doentes para a necessidade de estabilizar o equilíbrio dos níveis das concentrações plasmáticas do cálcio e do fósforo de forma a serem consideradas equilibradas e ajustadas ao perfil individual de cada um.
Resta ainda acrescentar que a prevenção da osteoporose é uma prioridade na economia da saúde, tendo em conta que uma elevada percentagem de fraturas estão relacionadas com perda da mineralização óssea na maioria dos casos evitável.
Estima-se que no Brasil 10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose. Na faixa etária dos 50 anos uma em cada três mulheres sofre desta doença e cerca 75% dos diagnósticos só são descobertos quando o doente sofre uma primeira fratura.
Os dados apontam que cerca de 2.4 milhões de brasileiros são vítimas de fraturas sendo a etiologia devida a osteoporose.
Como recomendações importantes para a prevenção destas lesões aconselhamos a ingestão de cálcio numa dose de 1 000 mg por dia nas mulheres acima dos 50 anos, sem contudo, esquecer que a menopausa representa um enorme fator da vulnerabilidade para a mulher devido ao facto se ser vítima de uma queda abrupta dos estrogénios nesta faixa etária.
É com base na evidência científica que se demonstra que as zonas corporais mais vulneráveis para fraturas são os ossos do fémur, coluna vertebral, ombros e punho.
Cerca de 1,6 milhões de fraturas que ocorrem no mundo são do colo do fémur, constando na literatura que apenas uma em cada quatro fraturas é adequadamente tratada.
Uma mulher que sofre uma fratura tem um risco de aproximadamente 27% de voltar a ter uma nova fratura nesse mesmo ano.
Estima-se que 33% das mulheres com mais de 55 anos sofre de osteopenia, classificando-se por osteopenia quando a massa óssea é 10 a 20% inferior ao normal. Sabe-se que um em cada 5 homens tem osteopenia.
Uma alimentação diversificada com um consumo diário de leite e derivados reduz o risco de osteoporose, um vez que o leite e derivados são as principais fontes de aporte de cálcio encontradas na alimentação.
Quando existe uma intolerância ao leite o suplemento do cálcio deve ser procurado nos vegetais, nomeadamente nos bróculos que são muito ricos em cálcio.
Em suma, sendo as fraturas um dos principais flagelos da saúde pública que oneram substancialmente o orçamento geral do Estado no sector da saúde, obriga-nos a promover medidas preventivas destinadas minimizar o risco do seu aparecimento.”
(*) Doutorada em Medicina