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Por: Joaquim Duarte, editorial jornal O Ribatejo, 16 de Abril de 2010
A vingança serve-se fria. Também na política, dirá Miguel Relvas, que se viu irradiado há pouco mais de meio ano da lista de deputados do distrito de Santarém, e que regressa agora, com mais força e maior protagonismo, depois de ter ajudado a enterrar o breve e conturbado reinado de Manuela Ferreira Leite à frente do PSD.
Miguel Relvas é o típico dirigente político do pós 25 de Abril. Um “profissional” que passou directamente dos bancos da escola para a vida parlamentar. Primeiro como dirigente da JSD e depois na direcção do partido em Santarém, que muito cedo dominou. Há mais como ele, no PSD como nos outros partidos. Mas poucos haverá politicamente tão hábeis e com tal sucesso na vida pública. Esteve com Durão Barroso nos momentos difíceis e com ele subiu ao poder num breve consulado. Primeiro como secretário de Estado do Poder Local e depois como secretário-geral do partido. Perspicaz conhecedor do país político que somos, tornou-se um exímio gestor de relações e, sobretudo, de influências. Os lugares chave que ocupou na governação e na direcção do partido, tal como a presença regular nos espaços do comentário televisivo, com lugar cativo na
SIC-Notícias, deram-lhe a notoriedade de que goza hoje, sendo reconhecido e considerado dentro e fora do seu partido.
É este homem que, como principal obreiro da vitória do novo líder social democrata, regressa agora à direcção do PSD na bisada qualidade de secretário-geral e, cumulativamente, de porta-voz oficial do partido. Cabe-lhe a dura tarefa de arrumar uma casa que conhece bem por dentro e onde, em devido tempo, soube negociar muitos dos apoios que construíram esta ascensão de Pedro Passos Coelho e da sua retumbante vitória. Miguel Relvas foi, de resto, um dos três ou quatro dirigentes mais ovacionados no congresso do PSD onde, por sinal, aquele que lhe “retirou” o lugar de deputado em Santarém não se dignou sequer comparecer. Pacheco Pereira preferiu assistir pela televisão.
Visto de fora, o Congresso do PSD terminou em festa de unidade. Uma unidade aparente, porque não é crível que os velhos inimigos de Passos Coelho se tenham simplesmente sumido com a sua vitória. A ausência dos antigos líderes e de outros barões do partido no congresso da sua consagração fala mais alto do que os clamores de unidade. Mas a viragem na orientação política do “novo” PSD é já notória. A começar no discurso que parece sugerir o fim do clima de crispação política que a anterior direcção alimentou – bastará lembrar que Passos Coelho conseguiu nunca referir o nome de Sócrates nos seus dois discursos, embora não tenha poupado críticas ao PS e ao Governo, enquanto MFL que apareceu de fugida no congresso conseguiu, numa brevíssima declaração de trinta segundos aos telejornais, nomear duas vezes o nome de Sócrates. Mas o discurso liberal de Passos Coelho, tanto nos costumes – especialmente se comparado com Manuela Ferreira Leite – como sobre o Estado e as suas funções, é mais ideológico e de confronto aberto com o pragmatismo gestionário que tem dominado o modo de fazer política. Este PSD de Passos Coelho procura uma clara separação de águas do PS de Sócrates
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