O congresso “Francisco Marto: crescer para o dom” que decorreu no final da semana passada no Centro Pastoral Paulo VI terminou com uma conferência proferida por D. José Policarpo sobre os desafios que a criança coloca à Igreja e à sociedade.
No decorrer da conferência, D. José Policarpo lembrou que “na comunidade que a faz viver, a criança não é apenas beneficiária. Ela é um elemento decisivo da solidez e da autenticidade dessa comunidade. Isto é particularmente verdade na comunidade familiar, em que as crianças podem ser decisivas na construção dessa comunidade, a começar na comunhão esponsal dos esposos que são pais, que descobrem nos filhos o elemento de coesão do seu próprio amor, que nunca mais poderá ser julgado só a partir de dois, mas a partir da comunidade que formam com os filhos”.
Para o Cardeal Patriarca de Lisboa, este é o aspecto mais dramático das famílias desfeitas. “Quando um casal se separa, tomam essa decisão só a partir de si mesmos, sem terem em conta os filhos, membros de pleno direito da comunidade familiar, para os quais se procuram soluções, que nunca substituem a perda da comunidade da vida”, afirmou.
Ao falar dos desafios colocados pelas crianças à Igreja e à sociedade, D. José Policarpo lançou também um desafio aos participantes do congresso, apelando “a todos os membros da comunidade, em qualquer idade e em todas as idades, que não apaguem no seu coração a criança que já foram e que permanece como modelo inspirador do que desejariam ser, no melhor dos seus ideais”. E confessou que também ele “não gostaria de acabar ‘infantil’; mas desejaria muito morrer com um coração de criança”.
“As crianças são uma interpelação para os adultos: é preciso escutá-las, tomá-las a sério”, realçou, para lembrar: “Quantas vezes elas são na vida de pessoas, devoradas pelas urgências do mundo, a única mensagem de beleza e simplicidade que nos podem abrir para o Reino de Deus. É preciso tomar a sério as crianças e a mensagem de vida que nos comunicam”.
D. José Policarpo defendeu ainda que “é preciso defender as crianças do espírito do mundo”, ao lembrar que “a sociedade contemporânea é capaz, não apenas de desconhecer, mas de corromper e violentar as crianças”. “A criança leva os pais a reencontrarem a criança que está neles, na prioridade dada à ternura que transforma todo o amor, a confiarem um no outro e em Deus, saindo da sua auto-suficiência, a captarem na vida a sua carga simbólica, carregada de mensagem, a confiarem mais do que quererem resolver tudo sozinhos. O Reino de Deus é para viver já neste mundo e semeia em nós o desejo de eternidade. É por isso que é bom desejar morrer com um coração de criança, abraçar a ‘irmã morte’ com a simplicidade com que se abraçou a vida”.
O congresso dedicado ao pastorinho vidente terminou com palavras de satisfação e elogios à organização pela forma como decorreu o congresso, que juntou algumas centenas de participantes e especialistas das mais diversas áreas, mas também com alguns apelos no sentido de escutar as crianças que têm muito a ensinar. Os participantes foram também unânimes em considerar que a figura de Francisco é portadora de imensas possibilidades e motivos de inspiração para os nossos dias.
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