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O Festival de Música do Alviela não se vai realizar este ano, tal como já havia sucedido em 2008. As edições que decorreram nos verões de 2006 e 2007 junto ao rio em Vaqueiros poderão ficar na história como as únicas dessa iniciativa lançada pela Câmara de Santarém neste mandato liderado por Francisco Moita Flores (PSD). O autarca diz que o festival deixou de fazer sentido a partir do momento em que o Governo mostrou abertura para lançar obras tendentes a resolver os crónicos problemas de poluição que afectam o rio, designadamente na ETAR e sistema de saneamento de Alcanena.
“O festival tinha um carácter de militância e de combate grande. Enquanto houver abertura do Governo para a realização das obras estaremos em paz. Há um tempo para o combate e um tempo para apaziguar as coisas”, disse ao nosso jornal Moita Flores, acrescentando que “o festival cumpriu a sua missão” de denúncia de um problema com décadas que urgia em ser resolvido. No entanto a autarquia vai continuar a promover eventos pontuais com o rio como tema central, assegurou.
O presidente da Junta de freguesia de Vaqueiros, Firmino Oliveira, foi um dos entusiastas e alma do festival e lamenta que o mesmo tenha acabado ao fim de duas edições que trouxeram uma visibilidade à zona pela positiva. O autarca considera que o festival continua a fazer sentido. Até pelo investimento que foi feito nas margens do rio e pelo contributo que deu para o desenvolvimento na zona de Vaqueiros.
“Temos condições naturais para fazer eventos com esse ou com outro nome e gastou-se aqui muito dinheiro”, afirma Firmino Oliveira, garantindo que vai continuar a tentar influenciar Moita Flores para que o espaço volte a acolher iniciativas, “mesmo que seja noutros moldes”. “O ideal seria criar ali uma zona de lazer”, defende.
Em 2008 a razão apontada para não se realizar o festival prendeu-se com razões financeiras. Na altura, Moita Flores disse que pretendia conferir ao evento um carácter bienal e dar-lhe mais profissionalismo. Além disso, dizia o presidente da câmara, a sua realização coincide com o período estival, onde grande parte da mão-de-obra do município está afectada às intervenções de manutenção e conservação de escolas.
Finalmente obras para despoluir o Alviela
Recorde-se que no dia 5 de Junho último foi assinado em Alcanena um protocolo envolvendo quatro entidades e que prevê a realização de várias intervenções complementares para mudar a face ao rio que atravessa os concelhos de Alcanena e Santarém. O investimento estimado é de 21,2 milhões de euros e engloba: a construção de uma unidade de tratamento de resíduos industriais (raspas verdes); a melhoria do sistema de tratamento da ETAR de Alcanena; remodelação da rede de colectores de águas residuais; reabilitação da zona de lamas não estabilizadas; e defesa contra cheias da ETAR de Alcanena. O acordo foi assinado pela Câmara de Alcanena, Instituto da Águas (INAG), Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARHT) e AUSTRA, e engloba ainda a reconstrução da cascata do mouchão de Pernes, no concelho de Santarém.
A Câmara de Santarém também já adjudicou as obras de construção da ETAR de Alcanede e de remodelação das ETAR de Pernes e de Amiais de Baixo, cujas obras já se iniciaram ou devem ter início em breve segundo informou Moita Flores.
«O Mirante»