A informação inicial dada ao executivo, composto pela maioria de indepen-
dentes, foi que a extensão de saúde de Minde é o local mais apropriado para receber um serviço especializado para tratar e encaminhar os utentes que contraiam o vírus da gripe A. Com efeito, e de acordo com esta intenção, Minde será o único pólo de tratamento destes doentes, no conjunto de todos concelhos que integram o ACES de Serra d’Aire - Alcanena, Torres Novas, Entroncamento, Ourém e Fátima (um universo de 130 mil pessoas). Na altura em que tomaram conhecimento desta possibilidade, os independentes não emitiram nenhum parecer, pois quiseram levar o assunto à discussão no seio de todo o executivo, mas quando confrontaram os vereadores da oposição, depararam-se com opiniões contrárias. Eduardo Marcelino, vice-presidente da autarquia, disse não compreender a razão da escolha: “Estamos localizados numa zona periférica e somos um concelho pequeno. Não consigo por isso perceber por que razão Alcanena foi escolhida para ser rectaguarda deste serviço”, referiu na última reunião de Câmara, realizada na segunda-feira, dia 27 de Julho. “Disseram que as instalações da extensão de saúde de Minde são a que têm melhores condições, mas esse é um argumento que não colhe”, disse ainda inconformado. Marcelino disse por fim que vê a instalação deste serviço em Minde com muita preocupação.
Do lado da oposição, Fernanda Aceisseira (PS) e Ana Cláudia Cohen (PSD), manifestaram posições contrárias. A socialista disse que a Câmara ao colocar em causa o serviço, põe igualmente em cheque a competência do Ministério da Saúde: “Obviamente que ao preparar-se um serviço desta natureza, as consequências deverão estar devidamente salvaguardadas”, referiu. “Não tenho qualquer tipo de preocupação, porque tenho confiança nos serviços de saúde”, concluiu.
Do lado social-democrata, Ana Cláudia disse que se forem tomadas todas as medidas de segurança, e se a população não for exposta ao perigo de contágio, não vê por que Alcanena deva dizer não: “Se eu estivesse no poder saberia o que decidir. Eu vou para a rua dizer que estou a favor e desejo mesmo que o serviço seja instalado não em Minde, mas sim em Alcanena”, argumentou.
Soube-se entretanto, durante a runião camarária, que o ACES está a tentar encontar mais uma solução em Ourém, e depois de esgrimidos alguns argumentos, os independentes cederam, e aprovaram apenas uma recomendação que vão fazer chegar aos serviços de saúde. O texto diz: “Estamos disponíveis para fazer parte da solução, mas estamos preocupados com o que pode acontecer em termos de saúde pública”. Fernanda Aceisseira disse não se rever na preocupação expressa pelo executivo.
O serviço de tratamento de infectados com o vírus H1N1 da gripe A, independentemente do local escolhido, funcionará 24 sobre 24 horas, com uma equipa permanente de médicos e de enfermeiros. Não haverá resposta de internamento (esse serviço será assegurado pelo hospital de Tomar) e apenas se farão exames de diagnóstico. Nos casos em que se confirme o contágio, os doentes ou serão medicados e encaminhados para casa, ou serão sujeitos a internamento.
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