NOTICIAS DO RIBATEJO EM SUMARIO E ACTUALIZADAS PERIODICAMENTE -
"A Imparcialidade Na Noticia" -
UMA REFERÊNCIA NA INFORMAÇÃO REGIONAL -

Por Catarina Betes
Em dezembro, abrem-se as portas da memória, uma após a outra, em pezinhos de lã. Entramos devagarinho naquele corredor quente, que percorremos em pantufas de flanela, pé ante pé. A cada passo, os sons, os cheiros e o aconchego dos afetos. Abrimos a porta daquele canto de nós que fica, apesar dos anos, apesar do tempo. O canto sem tempo, porque é onde se esconde a alma, a essência, o que não morre nem se arranca, apesar do vento.
As memórias mais doces, a infância que entra por nós adentro.
Dezembro traz sempre consigo a luz dos dias escuros. O calor dos dias frios. A doçura dos dias amargos.
Dezembro torna-nos mais simples, mais atentos, mais autênticos. Porque deixamos de ser quem nos tornámos, na azáfama dos dias corridos e vazios, para ser quem viemos ao mundo para ser, o motivo que nos fez nascer.
Dezembro restitui sempre a esperança.
A que vacila nos dias mais duros, que nos aperta a alma, nos dias escuros.
Dezembro é renascimento, é levantar o olhar do chão. É caminhar a passo lento, com o passado, com os que amámos e nos amaram, pela mão.
Dezembro faz-nos pensar em como o tempo voa!
Como ficou tarde tão cedo?
Ainda ontem era uma criança, hoje, já não posso ter medo.
Já é noite, antes do entardecer!
E na minha alma, é ainda tão cedo.