O Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Frederico Falcão e a diretora regional da DRAP-LVT [Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo], Maria Elisete Jardim, e Ceia da Silva, presidente da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo, foram recebidos no Pavilhão Municipal de Exposições, pelo Grupo de Cavaquinhos e Cantares da Universidade Sénior de Vila Chã de Ourique, para a inauguração oficial da Festa do Vinho do Cartaxo, que abriu aos visitantes no dia 27 de abril.
O presidente da Assembleia Municipal, Gentil Duarte e membros daquele órgão municipal, vereadores, presidentes de junta de freguesia, representantes das forças de segurança do concelho, confrarias enófilas e gastronómicas, dirigentes do movimento associativo, representantes de casas agrícolas do concelho e muitos profissionais ligados ao setor, acompanharam a inauguração do certame.
Pedro Magalhães Ribeiro, deu as boas vindas a todos os que participam na Festa do Vinho “que é testemunho de um casamento de sucesso, que já dura há 28 anos, entre o vinho e a gastronomia”, lembrando o papel de Renato Campos e de Maria José Campos, na “promoção e dinamização da Festa do Vinho, que é ainda hoje, um dos maiores eventos do Cartaxo”.
Para o autarca, o certame deve às associações e às coletividades do concelho, muito do seu sucesso, afirmando que “são as associações e as freguesias, as responsáveis pelas tasquinhas, trazendo à Festa, o que de melhor a nossa região tem para oferecer na área da gastronomia, com pratos típicos diferenciadores de cada freguesia”. Aos produtores e casas agrícolas agradeceu a “presença, em especial quando temos presente o maior número de expositores do sector vitivinícola, dos últimos 10 anos, mostrando a dinâmica crescente e a qualidade do vinho produzido no concelho e na região”.
Presidente da Câmara lembra os tempos difíceis que as famílias do concelho vivem com a suspensão do trabalho na Impormol
Recorrendo a presença “de um elemento do Governo de Portugal, que é também conhecer profundo da nossa região, não posso deixar de apelar à sua ajuda na defesa dos postos de trabalho de quase duas centenas de pessoas – entre elas 111 trabalhadores do nosso concelho”, afirmou.
Pedro Magalhães Ribeiro referiu a presença, na inauguração, de Luís de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, “ as duas autarquias têm estado juntas o apoio aos trabalhadores e na procura de soluções para a empresa”, embora “receemos o pior cenário para as famílias. São quase duzentas famílias, que vêm o seu posto de trabalho em risco com a suspensão da produção”. O presidente reiterou que “somos testemunhas do empenho do Governo, na pessoa do Ministro da Economia e do chefe de gabinete do Ministro do Trabalho, com quem reunimos. Pedimos apenas que reforce, junto do Governo, a preocupação que estas pessoas sentem, que todos nós partilhamos, com o futuro da empresa”.
Autarca apresenta contas de 2015 com indicadores positivos
“Quando se completa o primeiro terço deste mandato, é também tempo de dar conta do trabalho que fizemos”, afirmou Pedro Magalhães Ribeiro. “Todos devem saber que continuamos a viver tempos muito difíceis, basta passarmos nas ruas do Cartaxo, vermos o estado de degradação das nossas estradas, olharmos para os espaços verdes, para os equipamentos municipais e será fácil adivinhar que não pode ser apenas por falta de atenção, ou de trabalho – é mesmo por falta de recursos”.
Explicando que “apresentámos na semana passada o relatório de gestão de 2015, com indicadores positivos que nos dão alento para continuar o árduo esforço de repor as contas do Cartaxo no rumo certo, que é o rumo da sustentabilidade”.
Para o autarca as contas da Câmara são muito simples – “quando tomámos posse, já no final de 2013, entre dívida contabilizada e dívida comprometida, tínhamos para pagar 63 milhões de euros. No máximo a Câmara tem por ano uma receita de 14 milhões, para pagar obrigatoriamente 8 milhões de custos com pessoal, 4,3 milhões de juros da dívida e fica com 2 milhões para o mínimo necessário e urgente para servir os cidadãos, e assim esgotamos a receita disponível”, explicou. “Não temos qualquer obsessão com números, mas os números que herdámos são estes – sem os custos da dívida, podíamos alcatroar todo o concelho, duas vezes por ano”.
Apesar das dificuldades “quero deixar-vos não só uma palavra de esperança, mas as contas reais, os resultados que começamos a ter e que nos animam”, referindo que o passivo total da Câmara reduziu 720 mil euros, a dívida a terceiros de curto prazo reduziu 20%, os pagamentos em atraso com mais de 90 dias reduziram 70%, o prazo médio de pagamentos reduziu em 148 dias, a dívida transitada de um ano para o outro, reduziu 45% em relação ao início do mandato, “isto a par de termos obtido o melhor resultado líquido desde 2011 e termos conseguido cumprir a melhor taxa de execução orçamental desde 2008. Encontrámos a Câmara com a pior taxa de execução do país, não mais de 20%, e hoje temos 50% de taxa de execução orçamental”.
Para além dos resultados positivos “com a tendência de crescimento da dívida a inverter pela primeira vez desde há dez anos”, o presidente da Câmara lembrou ainda que “o Cartaxo conseguiu este ano algo que o colocou entre os melhores do país – de facto, fomos o município que mais subiu no ranking nacional de transparência municipal”. Referindo-se aos 175 lugares que subiu neste índice em apenas dois anos, “esta subida deveu-se a uma mudança radical na gestão da Câmara, este resultado não depende de dinheiro, depende de prestarmos contas a todos os munícipes, a todo o momento, e de falarmos sempre verdade, mesmo quando a verdade não é a que nós gostaríamos de dizer e a que as pessoas gostariam de ouvir, mas pensamos que só falando verdade poderemos dar um futuro sustentável ao Cartaxo”.
Os indicadores que o autarca descreveu, “permitem-nos agora disponibilizar financiamento para a recuperação do espaço público, depois de termos garantido que obras como a Estrada do Setil, as obras na Rua Prioste e Moinho Saloio, a Estrada de Santana e as infraestruturas do Valleypark-Parque de Negócios do Cartaxo, estão concluídas – depois de terem estado paradas durante anos, e de termos tomado posse sob o risco de o Cartaxo ter de devolver os fundos comunitários atribuídos a estas obras, com graves penalizações, se não estivessem concretizadas até ao dia 31 de dezembro de 2015. Foi uma luta, mas conseguimos”.
Com o Plano de Recuperação da Rede Viária a executar até 2020, “construído e decidido em parceria com todas as juntas de freguesia”, a prever 400 mil euros de investimento já contemplados no orçamento de 2016 e verbas entre 300 e 400 mil euros para cada ano seguinte, “penso que podemos, sem prometer o que ainda não conseguimos fazer, garantir que o Cartaxo começa a sair da asfixia total em que se encontrava no início do mandato, quando até os salários dos trabalhadores se encontravam em risco, e que com passos curtos, mas rigorosos, o Cartaxo pode recuperar o lugar que lhe cabe na região e no país”.
O futuro do concelho, resolvidas as grandes dificuldades “que ainda existem”, deve assentar no desenvolvimento sustentado “potenciando o seu carácter marcadamente agrícola e rural - que é uma mais valia diferenciadora e promotora da afirmação do nosso território na região e no país”, pelo que, para o presidente da Câmara, “este certame que hoje inauguramos, é também um lugar de reencontro com as nossas raízes rurais que queremos afirmar e desenvolver, a partir de critérios de modernidade e qualidade”.
Luís Medeiros Vieira considera vinho como sector de excelência
O Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação esteve presente na inauguração da Festa do Vinho, afirmando o “percurso notável do sector vitivinícola nos últimos 15 anos”, que considera dever ser atribuído, quer ao esforço dos agricultores, quer às opções das políticas públicas para o sector.
Lembrando que em 2015, as exportações de vinho “atingiram os 736 milhões de euros, com presença em 176 mercados”, destacou o “profissionalismo, inovação e orientação para o mercado, por parte dos produtores”, como as principais razões para “se ter conseguido atingir este resultado”.
A reestruturação da vinha “quase um terço do património vitivinícola nacional, a ser reestruturado neste 15 anos”, foi “certamente fator determinante” - na região Tejo foram concedidos 31 milhões de euros para a reestruturação de 4 mil ha, de um total de 13 mil e 500 ha existentes.
Para além da reestruturação da vinha, o Governo vai continuar o investimento na promoção dos vinhos no exterior – valor que ronda os 10 milhões de euros por ano -, a par do incentivo a uma “agricultura cada vez mais moderna e competitiva”, mas sem descurar a promoção e a valorização do mundo rural, com apoios direcionados para pequenos e médios agricultores.
No primeiro dia do certame, a zona das tasquinhas contou com a animação do Grupo de Cantigas da Terra do Rancho Folclórico do Cartaxo e o dia seguinte, dia 29 de abril, foi marcado pelo Seminário Cortiça e Vinho – Uma União Natural, direcionado para profissionais do sector. O seminário foi antecedido pela cerimónia de entrega dos prémios do Concurso de Vinhos da Campanha 2015/2016 – melhor Vinho na Produção do Concelho do Cartaxo e da Região Tejo.