Por: Catarina Betes
Como saber que é tempo de mudar? Existe uma linha que separa uma existência passiva, de uma vida preenchida? Existe um timing perfeito em que tudo surge claro e transparente à luz dos nossos olhos e percebemos que a mesma é impreterível?
Existirá o tal instante mágico que, teoricamente, Deus nos concede cada dia?
O momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes, em que um sim ou um não pode mudar toda a nossa existência?
Ou acordamos num dia, olhamos à nossa volta e percebemos que já não somos nós?
É difícil aceitar que a mudança é inevitável. Porque o seu maior inimigo é o conformismo. Porque é mais fácil repetir todos os dias os mesmos passos, num caminho que já palmilhamos de olhos vedados, que eleger alterar o rumo e aprender novamente a andar.
É aliciante manter a zona de conforto intocável. Afastar o impulso de recomeçar, convencendo-nos de que já não há tempo, no tempo, para nós.
Porque o período de mudar tem termo. Deixamos-nos convencer que aceitar é fundamental e passamos pelos anos, a crer que o que temos, nos basta.
Embora tudo à nossa volta nos revele incessantemente que a vida é rara e tão breve. Sabemos que cada momento é único, mas preferimos repetir os mesmos gestos, as mesmas tarefas, as mesmas palavras, que tantas vezes já não repercutem nada, ao invés de procurar novas razões para ser feliz.
O que será mais significativo?
Viver cada dia rodeado por uma capa protetora que nos resguarde de emoções desconhecidas, ou aceitar que o que fazemos ou somos já não é importante?
Não será o propósito da vida aceitar o que a mesma oferece, ser grato, ansiar apenas pelo que se conhece e que sabemos ser seguro?
Ou será que a vida nos propõe algo mais audaz?
Viver, sem medos, culpas ou constrangimentos. Viver cada dia com o entusiasmo natural de quem vê o mundo pela primeira vez e o aprecia, na sua essência, respeitando o dom da vida e dando-lhe um novo sentido, todos os dias.
Viver num círculo fechado, ou olhar o mundo e reconhecer que fazemos parte do mesmo, reivindicando o nosso papel como agentes de mudança?
Seremos apenas aquele que sobrevive, fintando aqui e acolá, ou enfrentamos a nossa dança, nesta roda?
Andamos ou paramos?