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Por: Catarina Betes
Julgamo-nos muitas vezes donos dos nossos sentimentos.
Carregamo-los dentro do peito, aconchegamo-los e achamos que isso será suficiente para os mantermos controlados.
Mas não há nada que verdadeiramente os controle.
São independentes, têm vida própria, apenas moram dentro de nós.
Misturam-se muitas vezes, confundem-nos e tornam as nossas vidas mais confusas ainda.
Há quem creia ter os seus serenados, aparentemente felizes e contentes.
Não exigem muito em troca desse contentamento.
Que inveja tenho de quem não sente o turbilhão interior, a insegurança que os mesmos podem provocar.
A sensação de que a qualquer momento, os nossos pés não conseguirão pisar o chão.
Porque nos perdemos dentro de nós mesmos.
Ficamos às escuras.
O único som que ouvimos, no meio dessa escuridão, é o do nosso coração a bater, ávido e nervoso, a querer desesperadamente dar asas ao voo que o inquieta.
Por isso tantas vezes levamos a mão ao peito, numa tentativa vã de o acalmar.
É pequeno demais para tanto sentir.
Carregamos esse peso todos os dias, o peso da nossa responsabilidade, tantas vezes de costas voltadas para a nossa vontade.
O peso de sentimentos não correspondidos, o peso de sentimentos que não podemos ter, o peso de escolhas que não têm em conta os nossos desejos mais profundos, mas os nossos deveres e obrigações neste mundo.
Talvez afinal não inveje quem não sente o peso dos sentimentos. Talvez ainda prefira sentir o alvoroço interior, apesar da dor. Porque não há sentimento que ao ser reprimido, não provoque dor.
Uma dor suave e subtil que se vai instalando vagarosamente, dentro de nós.
A dor da saudade. Da emoção.
Dedos que se tocam, olhares que se cruzam, sentimentos que fogem à nossa compreensão, a dor do que não se chegou a ter...porque nunca foi nosso.
Mas prosseguimos.
Mantemos a rota, seguramos com força o leme e enquanto o barco desliza, nas águas calmas e seguras dos nossos dias, existe um breve momento em que levantamos o rosto para o sol, fechamos os olhos e deixamo-nos inundar pelo seu calor.
E é nesse pequeníssimo instante, que o nosso coração se aquieta. Porque percebemos que ainda estamos vivos.