Após aprovação do Plano 2013, o GRUPO DE PROMOÇÃO SÓCIO-CULTURAL DE MONTARGIL já está a enviar o mesmo às entidades competentes, em especial às autarquias que muito têm contribuído com o seu apoio, para o excelente trabalho que vem sendo realizado.
É um Plano ambicioso, mas que tem em conta a crise que se vive, propondo-se ainda a respectiva associação tentar realizar algumas receitas, nomeadamente o funcionamento de bar nos eventos que realiza, e o contributo voluntário aos que a assistirem ao mesmo. E frisa o seu porta-voz, que não pode ignorar-se que o mesmo integra a actividade de todos os sectores que o integram:”Rancho Folclórico de Montargil” e a sua “Escola Infantil e Juvenil”; “Grupo de Realejos de Montargil”; “Grupo de Concertinas de Montargil”; “Grupo MENSAGEM de Teatro”; “Lagartos & Companhia-Grupo de Violas de Montargil”,”CantarGil-Grupo de Cantares Populares Portugueses” e “Grupo de Danças de Salão de Montargil”.
Seria fastidioso aqui enumerar os diversos eventos programados, e que naturalmente vão depender dos apoios a receber, mas registe-se no entanto que alguns desses eventos se congregam numa mesma data, como vai acontecer a 26 de Janeiro com as JORNADAS DE HIDTÓRIA E PATRIMÓNIO LOCAL, que integra o FORUM CULTURA(instrumentos tradicionais portugueses) e o FoleoGil 2013( O Harmónio, a Concertina,o Acordeão).
Por: Lino Mendes
Permitam-me que hoje apresente a minha terra, que para nós é sempre a melhor. Mesmo quando nos é madrasta, não deixa de ser…a nossa terra.
Pois bem, no ponto onde o Alentejo e o Ribatejo se encontram fica MONTARGIL. Lá no alto olhando a Guarita e tendo a seus pés a Barragem, fica a vila rodeada de serras, montes e vales, e de algumas aldeias— Foros do Mocho, Farinha Branca e Vale de Vilão-- que são um convite para quem deseja respirar o sabor retemperante da ruralidade .
Porque não se lhe conheciam figuras ilustres e feitos heróicos, chegou a considerar-se uma terra sem história, mas não, simplesmente foi escrita por gente anónima que encheu celeiros, e que descalça, dormindo ao relento percorriam os longos caminhos que a levavam ao trabalho, onde a verdura dos campos era a creche dos filhos que de cesto à cabeça ou alforges aos ombros transportavam de torgalho.
Toda a terra tem a sua identidade, e a de Montargil dizia o sociólogo e historiador José Salvado Travassos que era/é a expressão da alma alentejana com a riqueza da charneca ribatejana. Mas eu acrescento mais um pouco dos Algarves que os tiradores de cortiça por aqui deixaram, e outro tanto dessa gente boa e trabalhadora que eram os “ratinhos” em tempo de ceifa.
Mas quando me perguntam se Alentejo ou Ribatejo eu tenho que dizer simplesmente Montargil. Como se sabe, MONTARGIL ( todo o concelho de Ponte de Sor) é geograficamente RIBATEJO, mas administrativamente ALENTEJO.
Mas então e Etnograficamente? Dizem os que tudo decidem que ALTO ALENTEJO. Mas quanto a mim é essencialmente, uma zona de transição. E o curioso é que, entrando no campo do folclore cantam-se e bailam-se aqui as SAIAS ,baila-se o CORRIDINHO e o FANDANGO. Mas aqui, e analisando com cuidado os três géneros musicais, encontramos umas SAIAS com toda a essência alentejana, um CORRIDINHO bem distante do algarvio, e um FANDANDO só para homens e atirado para as tabernas.
No entanto, dizem-nos, sempre se caminhou mais para os lados do Ribatejo, quer para a Feira de Santarém, quer para as Vindimas e o desbravar da Charneca.
Voltaremos ao assunto.
--Tema: “A Moda das SAIAS” no folclore português
Colóquio
Encontro de Cantares
Todos os anos no sábado imediato ao dia 20 de Janeiro, o Grupo de Promoção/Rancho Folclórico realiza as JORNADAS DE HISTÓRIA E PATRIMÓNIO LOCAL, oportunidade para se comemorar oficiosamente o aniversário de elevação de Montargil a Vila, ---o que aconteceu por Carta Foral de D. Fernando—em 1372.
.Estão decorridos,pois, 639 anos.
Tendo muito a ver com as nossas raízes,”a moda das “ saias” no folclore português foi o tema específico escolhido para este ano, que desejamos tenha sido o ponto de partida para um estudo profundo sobre a matéria, já que não obstante o valioso espólio que nos foi deixado por Leite de Vasconcelos, Lopes Graça e Geacometi o mesmo não foi feito. Vamos aliás tentar saber o que sobre o assunto nos tem a dizer o Prof. Ranita Nazaré, que tentando preencher tal lacuna, percorreu mais recentemente algumas zonas do Alentejo, estando aliás por duas vezes em Montargil.
Sem pompas nem circunstâncias e marcada pela simplicidade que emana de tudo o que tem a ver com o povo, a sessão que decorreu no acolhedor Auditório da Misericórdia foi sem dúvida uma mais valia para o estudo deste género etnofolclórico que Tomas Ribas dizia já existir no século XII no distrito de Portalegre.
De origem espanhola? E de onde o nome de “saias”?Também nós agradecemos se alguém nos souber dizer.
Menos oradores e menos grupos, que assim nos impôs a crise que atravessamos, Mas a qualidade estava lá. Como orador principal foi convidado João Pereira Carriço, um estudioso do tema (com ele veio uma “cantadeira” de Santo Amaro ) a que se juntou Martinho Dimas, que situamos na mesma linha. Para uma pequena demonstração de “cantares” os estiveram os Grupos de Alter, Ponte de Sôr e Montargil.
Pessoalmente registo com muito agrado a presença dos elementos da Escola de Folclore de Montargil, em muitos casos na companhia dos pais.
Lino Mendes
Não sendo uma tradição em Montargil, caso em que competiria ao Rancho Folclórico desenvolver a actividade, foi o Grupo CantarGil que tomou em mãos a iniciativa meritória, de CANTAR AS JANEIRAS.
A integrar no calendário anual do GPromoção trata-se de um evento popular não tradicional, de cariz bem português. Aqui há uns anos, a Paróquia organizou os Cantares para angariar fundos para a compra de bancos para a Igreja, e mais recentemente alunos da EBI também o fizeram com destino a uma viagem de fim de ano.
Agora e com objectivos estritamente culturais foi a vez do CantarGil…E se eles cantavam “ que para o ano cá estaremos…”
Este ano foram apresentadas duas “cantigas”de “saias”, uma de temas musicais alentejanos, com arranjos do director artístico JOSÉ ARTUR, também autor da letra; e a outra de JOSÉ AFONSO.
Não obstante o tremendo frio que se fazia sentir, mas com a sorte da chuva só chegar no final, as JANEIRAS foram cantadas nos sítios previstos e não só ,excepção para dois, assim evitando que o som chegasse à casa mortuária onde um corpo estava a ser velado…
Por: Lino Mendes