Por: Antonieta Dias (*)
O mês de Outubro é dedicado ao cancro da mama, estando sinalizado o dia 30 de Outubro como dia internacional do cancro da mama. Tendo em conta a importância desta patologia num universo em que a população feminina é de 5 milhões, o cancro da mama é a segunda causa de morte por cancro na mulher.
Em Portugal são diagnosticados anualmente cerca de 4.500 novos casos o que corresponde a 11 novos casos por dia, dos quais quatro mulheres morrem com esta doença o que equivale a 1500 mulheres.
Certo é que numa elevada percentagem de casos é a própria mulher que que o deteta, através do autoexame da mama.
Esta doença tem um impacto social enorme, não só pela sua elevada incidência, mas também pela sua gravidade.
O fato de ser uma doença que altera a fisionomia da mulher torna-se ainda mais agressiva em termos morfológicos e psicológicos, fragilizando de forma severa a mulher que vivencia uma experiência esta amarga experiência.
Embora seja uma doença que afeta predominante as mulheres os homens não ficam excluídos dela, surgindo nesta grupo populacional numa percentagem cerca de 1%.
Fazer um diagnóstico precoce é de vital importância dado que a sobrevida modifica completamente. Temos pois, a possibilidade de o fazer uma vez que o rastreio do cancro da mama está muito bem implementado e orientado no sentido de se fazer a sua deteção permitindo assim um diagnóstico muito precoce, uma intervenção terapêutica atempada e assertiva que irá minimizar as sequelas que possam daí resultar.
Cabe aos profissionais de saúde a responsabilidade em ensinar a mulher a fazer o autoexame da mama, mostrando-lhes o benefício e incentivando-as a fazerem a palpação mamária uma vez por mês.
Acresce ainda a necessidade de cumprir os protocolos estabelecidos no caso em apreço e dar seguimento às recomendações nacionais e internacionais já implementadas.
Todavia a investigação não pode ser esquecida e deve ser permanente pois é imprescindível obter mais conhecimentos para poder responder adequadamente aos tratamentos mais eficazes e reduzir ao mínimo o impacto negativo que esta patologia tem na vida da mulher, sem contudo esquecer a manutenção da qualidade de vida e a melhoria contínua do seu bem-estar.
Em Portugal existe um programa de rastreio de cancro da mama da responsabilidade da Liga Portuguesa contra o Cancro, cujo objetivo é diagnosticar precocemente para poder tratar atempadamente.
Sendo esta uma organização não-governamental está sobretudo direcionada para a problemática oncológica e para além de todas as suas iniciativas organiza um peditório nacional que reverte a favor da própria liga e que se destina a ser aplicado em ações especificas relacionadas com o cancro da mama.
Esta iniciativa merece o nosso maior respeito, pelo elevado mérito que tem.
Apesar de existirem alguns fatores de risco conhecidos e que estão associados aos estilos de vida moderna da mulher, não podemos esquecer a importância da genética e da hereditariedade, que surgem numa percentagem de cerca de 5 a 10% dos casos implicando uma acompanhamento e um rastreio mais precoce das mulheres.
Assim, o autoexame da mama e a mamografia são os meios mais importantes para a realização de uma diagnóstico precoce, de tal forma que permite detetar tumores muito pequenos, nem sempre palpáveis em que a ecografia e mamografia têm um papel imprescindível na sua visualização, sendo praticamente observáveis na fase inicial levando à cura de centenas de casos, ou se não curarem são controláveis de forma fácil com tratamentos menos agressivo e com cirurgias menos invasivas.
A sobrevida das mulheres é muito maior se estes cancros forem diagnosticados numa fase ainda embrionária, sendo que a gravidade vai estar dependente do tamanho do tumor (tumores inferiores a dois centímetros tem uma sobrevida aos 10 anos de 85%), enquanto se o tumor já tiver dimensões superiores a dois centímetros ou se estiver metastizado a sobrevida aos 10 anos é inferior a 15%.
Transcrevo na íntegra o que consta no Portal da Saúde sobre o cancro da mama:
“O que é o cancro da mama?
O cancro da mama é um tumor maligno que se desenvolve nas células do tecido mamário. É muito mais frequente nas mulheres, mas pode atingir também os homens.
O cancro da mama apresenta-se, muitas vezes, como uma massa dura e irregular que, quando palpada, se diferencia do resto da mama pela sua consistência.
Que cuidados se devem ter para detetar o cancro da mama?
O diagnóstico precoce do cancro da mama é fundamental, pois aumenta as hipóteses de cura. Evita que o cancro se espalhe para outras partes do corpo, favorecendo o prognóstico, a recuperação e a reabilitação.
Para que seja diagnosticado precocemente, é importante que:
O exame clínico da mama pode confirmar ou esclarecer o seu autoexame.
Quais são os sintomas mais comuns no cancro da mama?
Ao sentir qualquer alteração nas mamas deve consultar o seu médico.
Como é feito o diagnóstico clínico do cancro da mama?
Para fazer o diagnóstico, o médico submeterá a mulher a um cuidadoso exame clínico e fará algumas perguntas sobre a história familiar. Fará também a palpação das mamas com as mãos, pois só assim poderá sentir a presença de um nódulo. O médico poderá solicitar alguns exames, tais como:
Caso a biópsia detete um tumor maligno, outros testes laboratoriais serão feitos no tecido para que se obtenham mais dados a respeito das características do tumor.
Também poderão ser solicitados exames - raios X, exames de sangue, ecografia, cintilograma (exame no qual uma pequena quantidade de um produto radioativo é utilizado para obter imagens) ósseo, provas de função hepática etc. - para verificar se o cancro está presente em outros órgãos do corpo.
Todos os testes e exames solicitados e a definir pelo médico têm como objetivo avaliar a extensão e o estádio da doença no organismo.
O sistema de estadiamento do cancro da mama leva em conta o tamanho do tumor, o envolvimento de gânglios linfáticos da axila próxima à mama e a presença ou não de metástases à distância.
Há vários tipos de cancro da mama?
Sim. O tratamento e o prognóstico variam de doente para doente e em função do tipo de tumor.
Quase todos os tumores malignos da mama têm origem nos ductos ou nos lóbulos da mama, que são tecidos glandulares. Os dois tipos mais frequentes são o carcinoma ductal e o carcinoma lobular.
Há ainda outros tipos de cancro da mama mais raros, como o Carcinoma Medular, o Carcinoma Mucinoso, o Carcinoma Tubular e o Tumor Filóide Maligno, entre outros.
Como se trata o cancro da mama?
A escolha entre as diversas opções de tratamento depende do estádio da doença, do tipo do tumor e do estado geral de saúde da paciente. O especialista em patologia mamária é o profissional médico mais indicado para avaliar e escolher o tratamento mais adequado a cada caso.
Dependendo das necessidades de cada doente, o médico poderá optar por um ou pela combinação de dois ou mais tratamentos.
O tratamento cirúrgico é para tirar a mama?
Não necessariamente. Há diferentes tipos de cirurgia usados no tratamento de cancro da mama:
Em suma, o diagnóstico precoce do cancro da mama obriga a que a mulher esteja atenta a determinados sinais, conheça as recomendações e sobretudo que as cumpra.
É fundamental que a sua participação seja ativa dado que num número considerado de casos o diagnóstico é feito pela própria mulher.
Resta ainda fazer o apelo para a necessidade de todos contribuírem dentro das suas possibilidades com um donativo no peditório nacional organizado pela Liga Nacional Contra o Cancro.
(*) Doutorada em medicina