Por. Antonieta Dias (*)
Doenças Cardiovasculares
As doenças cardiovasculares representam um impacto muito forte na vida familiar em consequência do choque e do luto que provocam na família, devido ao ataque cardíaco inesperado, sofrido por um dos seus familiares.
Portugal tem uma taxa muito elevada de mortes provocada por estas doenças.
Estima-se que 35 mil portugueses morrem anualmente por doenças cardiovasculares, representando por si só a principal causa de morte no nosso País correspondendo a um terço de toda a mortalidade em Portugal.
Destas 35 mil mortes, 20 mil são devidas a acidentes vasculares cerebrais e mil a enfartes do miocárdio.
Porém, 80% das mortes prematuras poderiam ser evitadas se fossem corrigidos alguns fatores de risco que potenciam o aparecimento destas patologias nomeadamente a correção dos quatro principais pilares responsáveis pelo seu agravamento: tabagismo, alimentação inadequada, abuso de álcool e sedentarismo.
O médico de família tem um papel preponderante na identificação do risco cardiovascular dos seus doentes, não só pela acessibilidade e possibilidade de identificar os pacientes com maior probabilidade de virem a sofrer um acidente cardiovascular.
Para tal poderão usar um cálculo que se baseia na avaliação do risco individual abrangendo os seguintes parâmetros: idade, sexo, antecedentes familiares e fatores de risco padrão designadamente hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, sedentarismo, tabagismo e obesidade, podendo usar para a sua avaliação as guidelineseuropeias e depois de obterem os scores de risco individual, incentivar os seus pacientes a aderirem aos programas de prevenção, incluindo a mudança dos estilos de vida e dos comportamentos inadequados.
Acresce ainda, o fato de existirem alguns meios complementares de diagnóstico que poderão também serem usados para diagnosticar e sinalizar o risco cardiovascular através da utilização de técnicas disponíveis como sejam a TAC coronária, o Eco doppler carotídeo, que permitem identificar as placas de ateroma existentes nas artérias e que irão permitir um tratamento célere e atempado de forma a minimizar os riscos da doença arteriosclerótica estrutural.
Os dados disponíveis apontam indicadores fiáveis que nos levam a concluir que metade da população portuguesa distribuída na faixa etária dos 18 aos 79 anos de idade tem pelo menos dois fatores de risco que poderiam ser corrigidos, designadamente a obesidade (cerca de 40% dos adultos tem excesso de peso), o controlo da hipertensão (cerca de 30% sofre de hipertensão), controlo dos níveis de colesterol e a correção de hábitos como sejam o uso de álcool e do tabagismos para os quais deveriam ser implementadas medidas e estratégias eficazes com o objetivo de esclarecer, incentivar e apoiar as pessoas a corrigirem os hábitos prejudicais à sua saúde de forma a evitarem efeitos nefastos que os mesmos provocam.
Contudo, não podemos esquecer ainda uma outra patologia que também tem uma percentagem muito elevada na população portuguesa em geral, designadamente a insuficiência cardíaca, que atinge cerca de meio milhão de portugueses e que pela sua gravidade nos merece uma atenção muito particular.
Em suma, é imperioso inverter estes números que são preocupantes e definir as metas necessárias para obter parâmetros que permitam a concretização dos objetivos bem como incentivar os doentes a envolver-se no combate ao tabagismo que está associado a pelo menos 50% das causas de morte evitáveis (tendo em conta os dados disponíveis da União Europeia), devido a fato de que o tabaco aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, elevando assim o risco nos fumadores de sofrerem um enfarte do miocárdio, que é diretamente proporcional ao número de cigarros que consumem.
O controlo da hipertensão arterial, da obesidade, da diabetes da hipercolesterolemia, da alimentação, do stress excessivo e do combate ao sedentarismo são outros pilares importantes para evitar ou minimizar os efeitos nefastos destas doenças.
(*) Prof. Doutora na Faculdade de Medicina do Porto