A música do cantor britânico, David Bowie, vai invadir o Largo do Seminário, em Santarém, na noite de 23 de agosto, a partir das 21h45. É o regresso do habitual tributo anual da banda Get Back, projeto que em anos anteriores já homenageou músicos como Santana, Pink Floyd, The Doors ou os míticos The Beatles, grupo onde a banda de Santarém foi buscar o nome com que se apresenta em palco.
Dirigido por João Madeira, o grupo inclui os filhos do teclista, Guilherme Madeira, na guitarra e João Madeira Júnior na bateria, para além dos veteranos Augusto Rodrigues, na voz e guitarra, e Rui Mendonça, no baixo.
A ideia de homenagear David Bowie surgiu “porque todos os anos construímos uma banda tributo e este era essencial”, explica João Madeira. “Bowie tornou-se um mito, mais ainda após a sua morte, quando se aprofundou a importância que ele teve na música”. Falecido em janeiro de 2016, Bowie, continua João Madeira, “é normalmente um músico que custa a entranhar, é um pouco estranho, mesmo em quase toda a sua carreira, tirando um período durante os anos 1980, em que se tornou mais comercial”. Apesar disso, “a sua música tornou-se uma inspiração total para todos os músicos em si”, confessa ainda.
Escolher músicas
Perante uma carreia que atravessou várias décadas, desde a estreia em disco em 1967, o processo de escolha das músicas passou por algum, “gosto pessoal”, mas “tivemos que ir buscar os temas essenciais, os sucessos”, pois “não nos pudemos esquecer que temos um público à frente”, que gosta de escutar temas já conhecidos.
Ainda antes da decisão final sobre quais os temas que serão tocados ao vivo, João Madeira explica que “passamos por todos os anos de carreia musical, corremos todos os álbuns e toda a discografia”. Nesta fase, “os miúdos são muito ativos e apontam algumas músicas”. Após esta etapa, “analiso um pouco e falamos depois com o Augusto, que é o nosso David Bowie de serviço, e com o Rui e, partir daí nós conseguimos montar um espetáculo”.
Ensaiar e aprender a tocar as músicas de David Bowie não é uma tarefa simples. “Enquanto a música dos Beatles é mais direta, esta é mais estranha. Musicalmente falando, Bowie era muito complexo, tanto a nível da sonoridade, como a nível harmónico” aponta João Madeira, embora reconheça que “é isso que dá gosto e um gozo enorme de tocarmos”.
Por norma, para a apresentação ao vivo destes tributos, os Get Back realizam cerca de 10 ensaios, com uma duração de três a quatro horas cada, “mas quando trabalhamos muito antes de virmos para aqui, isto rende muito mais”, revela ainda.
Recriar o génio de Bowie
Para esta homenagem a David Bowie, o músico de Santarém adianta que “vai ser um espetáculo transversal a toda a sua carreira, desde o primeiro disco, do final da década de 1960, até ‘Lazarus’, que é quase como a história da morte dele”, diz ainda João Madeira, referindo-se a uma das músicas incluídas no derradeiro álbum lançada pelo músico britânico na mesma semana em que morreu.
Além destes temas, o público vai poder escutar canções que marcaram várias gerações, como: ‘Let’s dance’; ‘China girl’; ‘Absolute Beginners’; ‘Ziggy Stardust’; ‘this is not America’; ‘Starman’ ou ‘Rebel Rebel’, entre outros.
Para João Madeira, será sempre um desafio trazer para acima de um palco parte da obra de um músico e de “uma pessoa a quem chamavam camaleão, porque mudava de estilo constantemente”, e que chegou a ter projetos que abrangiam áreas muito diferentes, sempre “na tentativa de fabricar outras sonoridades”.
No que toca a futuras homenagens musicais, o teclista adianta que “queremos sempre variar um pouco”, porque “ao mesmo tempo isto funciona como uma escola para todos nós. Quando tocamos um tributo, temos de ir até às raízes de todos eles para conhecermos as suas carreiras e discografias”.
Para além de Stevie Wonder, um dos nomes que esteve em cima da mesa para ser homenageado este ano, o grupo já recebeu sugestões para futuras homenagens. Foi o caso dos norte-americanos Ramones, que atualmente estendem a sua influência um pouco por todo o mundo. Mais não seja, através de camisolas com o símbolo do grupo que se tornaram parte da cultura popular, muito embora muitos dos que as vestem desconheçam por completo que se trata de uma desaparecida banda de punk rock.